Por Nilto Tatto *
Entramos em 2021 vivendo momentos dramáticos com o aumento dos casos de Covid-19, a inação criminosa do governo Bolsonaro na contenção da pandemia e o agravamento da crise econômica a partir do fim do Auxílio Emergencial.
A miséria e a indigência crescem a níveis alarmantes. O fim do auxílio pode colocar 63 milhões de brasileiros vivendo abaixo da linha da pobreza. O resultado disso será a volta da fome em larga escala e a depressão da atividade econômica, com fechamento de vagas de emprego, falências generalizadas e aumento da procura por serviços de assistência social e programas de transferência de renda.
O país precisa compreender que o custo Bolsonaro fica cada vez maior. Cada dia com Bolsonaro na Presidência significa mais mortes por Covid-19, má gestão da economia, ampliação do desemprego, um caos generalizado em meio a uma população empobrecida, esfomeada e desesperada tentando sobreviver diante do vírus e da miséria. A saída dele pelos inúmeros crimes de responsabilidade cometidos deve ser imediata.
Os setores de nossa sociedade que estão travando abertamente as batalhas de oposição ao atual governo, como partidos políticos, centrais sindicais, movimentos sociais, organizações dos povos indígenas, quilombolas e demais comunidades tradicionais, entidades religiosas e a sociedade civil atuante em ONGs precisam abrir um diálogo franco e aberto com aqueles que ainda não compreenderam o estado grave do nosso país e o risco real de atingirmos indicadores sociais beirando a situação de guerra civil.
Existe uma ilusão que permeia parte do imaginário de nossas elites econômicas e midiáticas de que é possível dissociar a postura irresponsável e genocida de Bolsonaro da agenda econômica liderada por Paulo Guedes e seu ideário de redução do Estado, privatizações e privilégio ao rentismo. Para esses grupos, Bolsonaro não pode cair porque levaria Guedes junto, portanto o Brasil teria que esperar até 2022 encarando o “mal menor”.
Esse pensamento parte de uma premissa equivocada. Tanto o discurso tosco e negacionista de Bolsonaro como a agenda econômica destrutiva de Guedes são faces da mesma moeda. O que restará do Brasil em 2022 se o programa econômico de austeridade e dilapidação do Estado for implementado? Como o Estado poderá atuar como um indutor do desenvolvimento, da geração de emprego e renda em favor dos brasileiros mais necessitados se estiver com mínima capacidade de promover mudanças diante de seu enxugamento?
A agenda ambiental continua sendo um foco de ação do governo Bolsonaro para desregulamentar leis, afrouxar normas ambientais e acelerar a destruição de nossos biomas, em especial a Amazônia e o Pantanal. Não se trata de omissão apenas. É um projeto planejado e em execução, expresso nas medidas criminosas de Ricardo Salles e no anúncio recente de que o Ministério do Meio Ambiente terá o menor orçamento em 21 anos, com redução da verba destinada às áreas de fiscalização ambiental e combate a incêndios. Sendo assim, uma ação dolosa de Salles e Bolsonaro, que intencionalmente tiram recursos para fragilizar a proteção ambiental.
É urgente a mobilização dos brasileiros que se opõem a Bolsonaro em torno de uma agenda comum de lutas para imediatamente construir um consenso na sociedade em torno da saída imediata dele. Precisamos estabelecer pontes, ainda que inicialmente em formato virtual devido às restrições impostas pela pandemia, para defender algumas bandeiras.
Proponho um conjunto de iniciativas para defendermos na sociedade. Na seara econômica, defendo a aprovação da MP 1000, que retoma o pagamento do Auxílio Emergencial imediatamente, e a criação de projetos de lei que promovam a geração de empregos. Na Saúde, temos que aprovar na Câmara e no Senado de projetos que tornem compulsória a vacinação em massa da população.
Sobre a preservação do Meio Ambiente, creio que duas ações são fundamentais e devem ser construídas em paralelo: a denúncia em fóruns internacionais e concertação com entidades de caráter global de iniciativas em prol da preservação da floresta, em sintonia com as preocupações emitidas por países como EUA e França sobre as exportações brasileiras manchadas por destruição da Amazônia e sangue indígena, e a aprovação do PL 4531/2020, de minha autoria, que proíbe qualquer atividade de supressão de floresta e vegetação nativa por cinco anos, além de tornar lei o PPCDAm (Plano de Ação para Preservação e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal), sob pena de responsabilização criminal caso sejam comprovadas irregularidades na gestão.
O país não aguenta mais. É hora de ação incansável, com uma pauta definida, muito diálogo com nosso povo e tomando os resguardos sanitários que a pandemia nos aconselha, para a palavra de ordem que o momento pede: Fora Bolsonaro!
*Nilto Tatto é deputado federal (PT-SP)
**Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.