Por Sâmia Bomfim *
Neste 25 de janeiro lembramos, com muita tristeza e revolta, o crime ambiental que devastou os arredores de Brumadinho, em Minas Gerais. Foram 272 mortos, 11 desaparecidos e até hoje milhares de vidas despedaçadas.
Estive em Brumadinho assim que o crime aconteceu. Testemunhei a dor de pessoas devastadas e é uma tortura lembrar daquelas cenas. É difícil imaginar que muitos moradores da região ainda sofrem sérias consequências e, todos os dias, tentam recomeçar suas vidas.
Penso naquela lama tóxica descendo rio abaixo, na matança da fauna, da flora, dos lares e das histórias das pessoas. Penso naquela comunidade que foi quase varrida do mapa e também penso que hoje, dois anos depois, ninguém tenha sido punido, preso ou processado. Certamente, a impunidade e a omissão da Vale matam pouco a pouco os familiares diariamente.
Enquanto isso, a Vale mente descaradamente, inclusive utilizando sua fortuna para custear propagandas dissimuladas no rádio e na TV.
Em 21 de fevereiro de 2019, nosso mandato apresentou uma denúncia formal ao Ministério Público Federal acerca do episódio de Brumadinho, exigindo investigação criminal do caso e indicando uma série de medidas de reparação a serem custeadas pela Vale. Em janeiro de 2020, o Ministério Público de Minas Gerais denunciou 16 pessoas, incluindo o ex-presidente da Vale, Fábio Schvartsman, por homicídio doloso duplamente qualificado pelo rompimento da barragem.
Diversas famílias esperam por indenização e reparação dos prejuízos econômicos e emocionais.
Devemos continuar atentos aos desdobramentos deste crime ambiental e humanitário. Devemos continuar cobrando a punição da Vale. É preciso lembrar sempre, para que não esqueçam jamais dessa barbárie.
*Sâmia Bomfim é deputada federal (PSOL/SP).
**Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.