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Por Ricardo Kotscho, no Balaio do Kotscho
Recebi agora e transcrevo abaixo o pedido de socorro enviada ao blog pela amiga Eliane Brum, repórter do jornal espanhol El País, baseada em Altamira, no Pará, no coração da Amazônia:
“Kotscho, meu amigo tão querido (e valente)!
Não sei mais, meu amigo, o que fazer para que as pessoas acordem para a ação. Acho que esses gritos intermitentes nas redes sociais servem para aplacar a angústia _ que não pode ser aplacada, porque temos mesmo que entrar em pânico _ e não movem nada.
Aqui dormimos com uma morte _ ou melhor, não dormimos, às vezes a gente passa a noite com insônia pensando no que fazer _ e, aí, quando acordamos, já tem outra morte. Ou outra ameaça, ou outro recuo. Falo em “nós” porque somos poucos, mas há gente boa lutando aqui.
Não suporto mais escutar pessoas avisando: “vão me matar”. E eu sei que vão mesmo. E não consigo fazer nada para impedir.
Mas é isso. Seguimos. Estou com muito medo deste recesso de Natal, quando as poucas instituições que ainda funcionam parcialmente fecham as portas e também as ONGs entram em férias coletivas.
Os brancos vão descansar, e os coloridos levam tiro.
Desculpa o desabafo. Eu ando assim, furiosa. A fúria me impede de adoecer de Brasil.
Abraço forte, estamos juntos.
Eliane”
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Depois de ler tanta angústia expressa em tão poucas linhas, que mais eu poderia dizer?
Força, Eliane, aguenta firme aí porque o mundo precisa conhecer esse massacre de gente, bichos e matas que está acontecendo na Amazônia.
Te cuida, mas não desanime.
Abração,
Ricardo Kotscho