O levantamento DataFórum desta segunda-feira (3) traz um dado que confirma um cenário apontado há tempos por militantes da esquerda, sociólogos e analistas em geral: o movimento em direção à extrema direita realizado pelo Partido da Causa Operária, PCO, nos últimos anos.
Isso é comprovado pelo fato de que o PCO se tornou um dos perfis mais influentes na comunidade da extrema direita, de acordo com essa medição.
Dessa forma, o PCO e os bolsonaristas se alinharam no discurso de que o ex-presidente Jair Bolsonaro é "um perseguido político pela Justiça brasileira".
Enquanto o PCO e a extrema direita lamentaram a inelegibilidade de Bolsonaro, no campo da comunidade progressista não faltaram comemorações e provocações.
A extrema direita representou 53% das menções no Twitter, enquanto os progressistas, juntamente com a comunidade pop pró-Lula, obtiveram 36% das citações.
Foram analisados 216.666 tweets a partir das tags lulaoficial, @lulaoficial, jairbolsonaro, @jairbolsonaro, lula, bolsonaro, @ptbrasil, ptbrasil, @plnacional_, plnacional_
Extrema direita
Bolsonaro se colocou como uma vítima, como um perseguido, afirmando que está havendo uma "caçada implacável" contra si.
Zema foi defendido após ter compartilhado frase de Mussolini, com influenciadores afirmando que era uma crítica ao que está acontecendo no Brasil.
O PCO figurou entre os perfis mais influentes do campo bolsonarista, fazendo a defesa do ex-presidente e reforçando sua narrativa de que é perseguido pelo sistema. Circulou bastante o anúncio da proposição de um projeto de lei para anistiar Bolsonaro por seus crimes eleitorais.
Lula foi acusado de comprar deputados para aprovar a reforma tributária, que seria feita para aumentar impostos.
Progressistas
No campo progressista, a inelegibilidade de Bolsonaro continuou a ser comemorada, com a repercussão da irritação de Carlos Bolsonaro com Sérgio Moro, que não saiu em defesa do ex-presidente.
Um dos destaques foi o aumento do imposto sobre combustíveis realizado por Tarcísio de Freitas, na contramão da redução promovida pelo Governo Federal.
Outro tema relevante foi o compartilhamento por Zema de uma frase de Benito Mussolini, que seria uma crítica, mas que acabou elevando o fascista como uma referência para o governador de MG.
A passagem de Lula por Salvador, para comemorar o 2 de Julho, gerou publicações de bom engajamento, assim como o encontro do presidente com um garoto com deficiência visual, no treino da seleção feminina de futebol. Campos Neto foi criticado por não atender Luiza Trajano, que está fazendo campanha aberta para redução da taxa de juros.
Cultura pop/pró-Lula
Nesta comunidade, foi muito festejada a inelegibilidade de Bolsonaro, com influenciadores afirmando que o próximo passo é a prisão. Foi refutada a tese de que Bolsonaro é uma vítima, um perseguido político, propagada pelo ex-presidente e por seus apoiadores.
A foto de Bolsonaro sem camisa motivou chacotas, e Neymar foi hostilizado por ser bolsonarista e por ter um comportamento social condenável.
Ultraliberais
Zema foi defendido nesta comunidade, com influenciadores acusando a esquerda de rotular seus adversários como nazistas e fascistas.
Janja foi acusada de twittar a partir da conta oficial do Lula, como se fosse uma espécie de Carlos Bolsonaro nas redes sociais do presidente.
Lula foi acusado de ser um apoiador, fazendo coro com o discurso bolsonarista. Bolsonaro ainda foi criticado por não ter manifestado solidariedade pela cassação de Dallagnol, e seu partido pediu a cassação de Moro.