Levantamento do DataFórum desta terça-feira (27) mostra que quase todos os grupos da sociedade brasileira perderam a paciência com o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, e sua missão de manter a taxa Selic em 13,75%.
Como se sabe, Campos Neto adora apresentar uma série de argumentos técnicos para justificar a manutenção da taxa Selic em 13,75%. No entanto, um processo aberto em 2019 no Tribunal de Contas da União (TCU), que aponta um "erro contábil" de R$ 1 trilhão, pode ser usado como uma brecha para remover Neto do comando do BC.
O processo investiga as inconsistências apontadas, na época, pela Controladoria-Geral da União (CGU). O rombo trilionário refere-se ao balanço do BC naquele mesmo ano. De acordo com os auditores do TCU que analisaram os dados provenientes da ação, a documentação analisada não refletia a situação patrimonial, o resultado financeiro e nem o fluxo de caixa do BC, conforme relatado em um relatório publicado.
A comunidade progressista aproveitou a divulgação do erro contábil de Campos Neto para iniciar uma campanha pelo seu impeachment, que foi apoiada por alguns influenciadores.
Por sua vez, os bolsonaristas voltaram seus esforços em discursos e campanhas que visam retratar o ex-presidente Jair Bolsonaro como uma "vítima de perseguição do poder judiciário", com destaque para o Supremo Tribunal Federal (STF) e o ministro Alexandre de Moraes.
A extrema direita foi responsável por 54% das menções no Twitter, enquanto os progressistas, juntamente com a comunidade que apoia Lula, tiveram 41% das citações.
Foram analisados 234.635 tweets a partir das tags lulaoficial, @lulaoficial, jairbolsonaro, @jairbolsonaro, lula, bolsonaro, @ptbrasil, ptbrasil, @plnacional_, plnacional_
Extrema direita
Entre os bolsonaristas, houve indignação com a declaração de um defensor público do RN, que supostamente disse: "Mulher que vota em Bolsonaro, se levar uma dedada, não pode reclamar".
Internautas reclamaram que o inquérito das fake news persegue políticos de direita. Lula foi atacado devido ao apoio do "centrão" ao seu governo, bem como pelos gastos em suas viagens internacionais e na compra de móveis.
Influenciadores criticaram aqueles que condenaram a vaquinha PIX para Bolsonaro, alegando que outros políticos já fizeram arrecadações semelhantes. Bolsonaro foi retratado como uma vítima de perseguição política, que se tornará um herói caso seja preso.
Progressistas
O "erro contábil" de R$1 trilhão do Banco Central motivou um pedido de impeachment de Campos Neto por influenciadores, que ironizaram o uso da palavra "erro" para descrever a enorme discrepância contábil.
Lula divulgou seu encontro com Alberto Fernandez, celebrando a relação diplomática com o país vizinho, e parlamentares petistas relacionaram o terrorista que tentou explodir uma bomba em Brasília ao bolsonarismo, afirmando que ele é um militante do campo político.
Também gerou engajamento a recepção a Bolsonaro na Alesp, com gritos de "inelegível".
Cultura pop / pró-Lula
Ganhou destaque a comparação dos preços do óleo de soja nas prateleiras dos supermercados, mas também circulou bastante uma fala de Diogo Nogueira durante um show em Caruaru: "Eu estou aqui para agradecer ao povo nordestino por ter tirado aquela besta do poder".
Também repercutiu a recepção de Bolsonaro na Alesp, onde o ex-presidente foi hostilizado pelos progressistas.
Direita ultraliberal
Entre os liberais, Bolsonaro foi criticado por não se opor veementemente a Zanin durante sua sabatina para o STF. Weintraub atacou Bolsonaro, desafiando o ex-presidente para um confronto verbal ao vivo e tecendo duras críticas a Michelle Bolsonaro.
Seguidores de Ciro Gomes compartilharam um vídeo em que ele critica Lula, e influenciadores criticaram a política externa do presidente.