O músico Sly Stone, criador da icônica banda Sly and the Family Stone, morreu nesta segunda-feira (9), em Los Angeles, aos 82 anos. A causa foi uma longa batalha contra a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) e outras complicações de saúde, segundo informaram seus representantes.
Figura revolucionária na música dos EUA, Sly Stone foi responsável por transformar os rumos do funk, do soul e do rock ao fundir ritmos como R&B, gospel e psicodelia em uma sonoridade inovadora. Seus sucessos — como “Everyday People”, “Dance to the Music” e “Thank You (Falettinme Be Mice Elf Agin)” — marcaram os anos 1960 e 1970 com mensagens de união, diversidade racial e crítica social.
Te podría interesar
À frente da primeira grande banda multirracial e mista dos Estados Unidos, Stone desafiou abertamente os padrões segregacionistas em plena era dos conflitos civis. Sua performance no festival de Woodstock, em 1969, tornou-se um marco do espírito libertário da época.
Álbuns influentes da banda
- “Dance to the Music” (1968) – sucesso instantâneo, estabeleceu a fusão vibrante entre funk e psicodelia;
- “Stand!” (1969) – considerado seu disco mais emblemático, com hinos como “I Want to Take You Higher” e “Everyday People”;
- “There’s a Riot Goin’ On” (1971) – introspectivo e sombrio, refletiu o desencanto do pós-Woodstock e influenciou o hip-hop com o uso pioneiro de drum machines;
- “Fresh” (1973) e “Small Talk” (1974) – marcam o fim da era clássica da banda, com faixas mais íntimas e melódicas.
Vício e isolamento
Nos anos seguintes, no entanto, sua carreira foi marcada por isolamento, dependência química, processos judiciais e comportamento errático. Apesar disso, sua música seguiu inspirando artistas como Prince, George Clinton, Michael Jackson, Stevie Wonder, Outkast, D’Angelo e Erykah Badu, além de ter sido amplamente sampleada no hip-hop.
Te podría interesar
Seu retorno à cena cultural veio nas últimas décadas com o documentário “Summer of Soul” (2021), dirigido por Questlove, e com sua autobiografia, lançada em 2023, intitulada “Thank You (Falettinme Be Mice Elf Agin)”. Em ambos, Sly é retratado como gênio excêntrico, cuja ousadia musical e visual — coletes brilhantes, óculos alienígenas e plataformas altíssimas — marcaram época.
Nascido Sylvester Stewart em 1943, no Texas, ele começou a cantar em igrejas pentecostais com a família e tornou-se DJ em São Francisco antes de formar a Family Stone. Seu legado é de reinvenção estética e política: mostrou que a música pode unir, provocar e libertar.
Ao ser perguntado certa vez sobre como gostaria de ser lembrado, Sly respondeu:
“A música, apenas a música. Isso é tudo que sempre quis fazer.”