CULTURA E SOCIEDADE

10 livros fundamentais indicados por Antonio Candido para entender a sociedade brasileira

Fórum relembra a lista que contribuiu para a formação de um dos maiores críticos literários da história do país

Antonio Candido.Créditos: Antonio Candido - Marcos Santos/USP/Divulgação
Escrito en CULTURA el

Reconhecido por sua genialidade, Antonio Candido, crítico literário falecido em 2017, nos deixou uma vasta obra teórica sobre as riquezas da literatura brasileira. Em sua perspectiva, que buscava conectar a produção literária com a sociedade, Candido viu a literatura como uma maneira de abordar os principais problemas de formação do Brasil.

Em seu livro mais conhecido, Formação da Literatura Brasileira: momentos decisivos (1964-1969), o autor nos fornece uma série de chaves interpretativas que se relacionam com outras tantas produções que buscavam dar conta das tensões que constituem a vida nacional, desde a colonização até o presente.

Nesta edição, Fórum relembra um conjunto de livros indicados pelo autor que fizeram parte de sua trajetória de pesquisa. O texto completo pode ser acessado no site da revista Teoria e Debate, onde foi originalmente publicado em 2000.

Abaixo, apresentamos a lista de livros indicados por Candido

1. “Raízes do Brasil” (1936), de Sérgio Buarque de Holanda – Esta obra oferece uma análise profunda da sociedade brasileira a partir da herança portuguesa. Candido destaca como Buarque de Holanda vai além da mera análise da formação social, traçando paralelos entre as características da sociedade colonial e os comportamentos dos brasileiros contemporâneos.

2. “História dos índios do Brasil” (1992), organizada por Manuela Carneiro da Cunha – Para compreender a presença indígena no Brasil, Candido sugere essa obra que abrange desde os primeiros contatos com os colonizadores até a situação atual das populações indígenas. A obra se destaca pela abordagem ampla e interdisciplinar, que inclui aspectos arqueológicos, linguísticos e históricos.

3. “Ser escravo no Brasil” (1982), de Kátia de Queirós Mattoso – Candido opta por essa obra devido à sua clareza e profundidade ao abordar o sistema escravista e a resistência dos negros ao longo da história. A autora oferece uma visão geral sobre o processo de escravização, o tráfico de negros e as lutas de resistência, quebrando paradigmas da historiografia tradicional.

4. “Casa grande e senzala” (1933), de Gilberto Freyre – Esta é uma das obras mais impactantes da historiografia brasileira. Candido ressalta a importância do livro, que revolucionou a compreensão da sociedade brasileira ao apresentar a miscigenação e a contribuição dos negros para a formação da sociedade. Freyre vai além da análise racial e fala sobre a constituição de uma cultura nacional a partir da convivência entre as três raças.

5. “Formação do Brasil Contemporâneo, Colônia” (1942), de Caio Prado Júnior – Candido recomenda este livro pela sua abordagem econômica da formação do Brasil. Prado Júnior traça um estudo detalhado da expansão demográfica, da atividade econômica e da organização política no Brasil colonial, proporcionando uma base sólida para entender o desenvolvimento do país.

6. “A América Latina, Males de origem” (1905), de Manuel Bonfim – Apesar de não se focar diretamente na independência, Candido destaca este livro como uma leitura essencial para entender o conservadorismo no Brasil e na América Latina. Bonfim faz uma crítica contundente às elites que, ao promoverem a separação política do Brasil, buscavam perpetuar a ordem escravocrata e suas relações de poder.

7. “Do Império à República” (1972), de Sérgio Buarque de Holanda – Candido seleciona esta obra para examinar a transição do Império para a República, com foco na estrutura política e social da época. O livro expõe o dilema da monarquia e os desafios da política republicana, oferecendo uma análise histórica de grande profundidade.

8. “Os Sertões” (1902), de Euclides da Cunha – Para entender o Brasil rural e os conflitos no interior, Candido sugere esta obra clássica sobre a Guerra de Canudos. O livro é uma mescla de estudo social, histórico e literário, que revela a brutalidade do extermínio de uma comunidade sertaneja e os elementos da exclusão e violência.

9. “Coronelismo, Enxada e Voto” (1949), de Vitor Nunes Leal – A obra estuda a estrutura política da República Velha, marcada pelo domínio das oligarquias rurais e pela manipulação da política local. Candido destaca o livro como um estudo fundamental sobre o coronelismo e as práticas políticas que determinaram o Brasil rural.

10. “A Revolução Burguesa no Brasil” (1974), de Florestan Fernandes – Este é o último livro recomendado por Candido, que analisa a ascensão da burguesia industrial no Brasil e a luta de classes que permeia a modernização econômica do país. Fernandes apresenta uma crítica ao processo de industrialização e ao papel do Estado no desenvolvimento econômico, trazendo à tona a complexidade do movimento social e político do Brasil moderno.

Reporte Error
Comunicar erro Encontrou um erro na matéria? Ajude-nos a melhorar