Qual é a língua mais rápida do mundo? A resposta parece simples — é o japonês —, mas a realidade linguística por trás desse ranking envolve muito mais do que apenas velocidade de fala. Pesquisas conduzidas por linguistas como François Pellegrino, da Universidade de Lyon, revelam que entender o que torna uma língua “rápida” exige considerar uma série de fatores que vão além da contagem de sílabas por segundo.
Em estudo de 2011, o japonês liderou com média de 7,84 sílabas por segundo, seguido de perto pelo espanhol (7,82) e pelo francês (7,18). Línguas como inglês (6,19), alemão (5,97) e mandarim (5,18) ficaram no meio do caminho. No entanto, isso não significa necessariamente que o japonês transmita mais informação em menos tempo.
Segundo Pellegrino e colegas, o ritmo acelerado do japonês esconde uma densidade informacional mais baixa. Ou seja, embora os falantes emitam mais sílabas por segundo, cada uma carrega menos conteúdo em comparação a idiomas mais lentos, como o vietnamita ou o cantonês. Essa relação inversa cria um equilíbrio notável: independentemente do idioma, a taxa média de transmissão de informação se mantém em cerca de 39 bits por segundo.
Esse equilíbrio se deve à complexidade fonológica e gramatical de cada idioma. Enquanto o japonês se baseia em estruturas simples — sílabas do tipo consoante + vogal e apenas cinco vogais —, idiomas como o inglês possuem uma variedade muito maior de sons vocálicos e sílabas complexas como “strength”, que concentram mais informação em menos tempo.
A questão se torna ainda mais intrigante quando se consideram línguas como o vietnamita, que além de alta densidade, ainda utiliza tons para transmitir significado, acrescentando uma camada de complexidade.