O presidente Lula (PT) revelou na noite desta terça-feira (27) que telefonou para o cineasta Kleber Mendonça Filho, que recebeu o prêmio de Melhor Diretor no Festival de Cannes pelo filme O Agente Secreto, que foi aclamado no festival.
Além de Kleber Mendonça Filho, o Festival de Cannes também premiou o ator Wagner Moura, que protagoniza O Agente Secreto.
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"Ontem, tive a alegria de ligar para o querido Kleber Mendonça para parabenizá-lo pela conquista do prêmio de Melhor Diretor no Festival de Cannes, com o filme O Agente Secreto. Celebrei também a vitória de Wagner Moura, homenageado como Melhor Ator", declarou Lula.
O diretor Kleber Mendonça Filho comentou a ligação que recebeu do presidente Lula: "Ontem, o Presidente Lula me ligou para dar parabéns pelo filme, pelos prêmios e pelo trabalho como artista brasileiro. Me sinto honrado de ter esse tipo de respeito do presidente da República. Quando ganhamos em 2019 o prêmio do Júri em Cannes por BACURAU não teve telefonema. Ele falou da vontade e do projeto de governo de fortalecer a Cultura. Lula tem meu apoio desde 1989 e continua tendo, num terceiro governo corajoso de reconstrução moral e política do país. Me ofereci como interlocutor disponível para dialogar sobre a Cultura e o audiovisual. Já havia dito a mesma coisa em Cannes à Ministra Margareth Menezes e à Secretária do Audiovisual Joelma Gonzaga. Regulamentar o VOD e termos mais salas de cinema formadoras de público são dois assuntos importantes. Muito obrigado pela ligação, Lula."
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Com 'O Agente Secreto', Brasil conquista 7ª vitória em Cannes
O Brasil celebra um marco histórico no Festival de Cannes com a conquista de sétima vitória no prestigiado evento internacional de cinema. Neste sábado (24), o longa 'O Agente Secreto', dirigido por Kleber Mendonça Filho, rendeu ao país dois prêmios importantes: Melhor Direção para o próprio cineasta e Melhor Ator para Wagner Moura.
A trajetória de vitórias brasileiras em Cannes começou em 1962, com a Palma de Ouro concedida ao clássico O Pagador de Promessas, de Anselmo Duarte — até hoje o único filme brasileiro a conquistar o principal troféu do festival. Em 1968, Glauber Rocha recebeu o prêmio de Melhor Direção por O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro, obra emblemática do Cinema Novo.
Atrizes brasileiras também brilharam em Cannes. Fernanda Torres conquistou o prêmio de Melhor Atriz em 1986, por sua atuação em Eu Sei que Vou Te Amar, de Arnaldo Jabor. Já Sandra Corveloni venceu na mesma categoria em 2008, com sua performance em Linha de Passe, de Walter Salles e Daniela Thomas.
Em 2019, o Brasil voltou ao pódio com o Prêmio do Júri para o longa Bacurau, também de Kleber Mendonça Filho, em parceria com Juliano Dornelles. A obra distópica foi aclamada por sua crítica social e estilo inovador, marcando o retorno do país à competição oficial em 11 anos.
Com as novas premiações deste sábado (24), o Brasil retoma com força, em menos de um ano, a presença no maior festival de cinema, após o filme Ainda Estou Aqui, de Walter Salles, vencedor do Oscar de Melhor Filme Internacional, e protagonizado por Fernanda Torres, vencedora do Globo de Ouro de Melhor Atriz.
A produção do cineasta pernambucano também foi premiada com o troféu da Federação Internacional de Críticos de Cinema (Fipresci) e com o Art et Essai, concedido pela Associação Francesa de Cinema de Arte e Ensaio (AFCAE), durante o Festival de Cannes. Essa é a primeira vez que o Brasil conquista dois prêmios na mesma edição do Festival de Cannes.
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Impacto dos prêmios
A conquista não apenas amplia o número de troféus brasileiros em Cannes, mas reafirma o talento de Kleber Mendonça Filho como um dos nomes mais influentes da cinematografia brasileira, além de apontar o Brasil para a próxima edição do Oscar. Embora os prêmios recebidos em Cannes aumentem o prestígio do longa e o coloquem sob os holofotes da temporada de premiações, não há garantia de que ele chegará à lista do Oscar. O festival francês costuma apenas influenciar o circuito.
Como estreou em Cannes, O Agente Secreto não poderá disputar o Festival de Veneza. No entanto, o longa segue com chances de ser indicado ao SAG Awards e ao Globo de Ouro — prêmios que também costumam antecipar o termômetro do Oscar.
O que aborda 'O Agente Secreto'
O longa acompanha o professor Marcelo, especialista em tecnologia que, no ano de 1977, decide fugir de seu passado violento e misterioso, mudando-se de São Paulo para Recife com a intenção de recomeçar sua vida.
Marcelo chega à capital pernambucana em plena semana do Carnaval e percebe que atraiu para si todo o caos do qual sempre quis fugir. Para piorar a situação, ele começa a ser espionado pelos vizinhos. Inesperadamente, a cidade que ele acreditava que o acolheria ficou longe de ser o seu refúgio.
“Esse filme é resultado de um desejo grande de continuar filmando o Brasil e o Recife, desta vez no contexto histórico do mundo de 50 anos atrás, de um Brasil do passado. Eu também tinha vontade de fazer um filme de mistério e de suspense, em que o Recife fosse o cenário principal. Eu era criança nos anos 1970, mas me lembro com alguma clareza do ano de 1977, quando eu tinha nove anos. Creio que ‘77 foi o primeiro ano que me marcou ainda como criança. Naquela época, o Brasil era muito diferente, mas, de certa forma, também muito parecido com o de hoje”, disse Kleber Menonça Filho no lançamento do longa.
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