Um achado arqueológico em Marbella, município espanhol localizado na região de Andaluzia e envolto pela cordilheira Sierra Blanca, que se estende pelo Mediterrâneo ao longo de 27 km, foi especialmente significativo para a paleontologia: pesquisadores escavaram um bloco de pedra marcado com inscrições e gravuras pré-históricas, datado em pelo menos 200 mil anos, que pode se tornar o mais antigo registro rupestre humano conhecido.
A descoberta foi liderada pela delegação de Cultura, Educação e Patrimônio Histórico espanhola, e se deu no sítio arqueológico de Coto Correa, cuja relevância arqueológica tem sido alvo de pesquisas desde a década de 1950, quando foram descobertas na região ferramentas datadas do Paleolítico Inferior, o período mais antigo da Idade da Pedra [2,5 milhões de anos a 250 mil anos a.C.].
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Além do fragmento de pedra esculpida, as escavações recentes também foram responsáveis por desencobrir um conjunto de ferramentas, feitas de pedra, esculpidas para uso dos hominídeos em atividades cotidianas.
Já a pedra que continha as inscrições visuais, que parecem ser gravuras dispostas de forma linear sobre sua superfície, é especialmente relevante porque, além de confirmar a presença de humanos durante o Paleolítico Médio Inferior na região da Península Ibérica — período de que não se tem muitos registros locais, marcado pelo surgimento dos primeiros hominídeos e do fogo —, também supera as manifestações artísticas da história pré-escrita já conhecidas em idade.
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São até 100 mil anos de diferença entre a pedra encontrada em Marbella e os registros artísticos mais antigos de que se tem nota.
A gravura rupestre mais antiga do mundo, embora não haja uma datação exata, é atribuída a duas crianças do planalto tibetano, que deixaram marcas de mãos e pés em superfícies de calcário com idade estimada de 169 mil a 226 mil anos a.C.
Na Espanha, outras três cavernas dispersas pelo território revelaram outros registros estimados entre 65 mil e 115 mil anos de idade, como itens humanamente trabalhados e resquícios de pigmentos.
No entanto, a pedra descoberta em Marbella pode ser o exemplo de gravura mais antiga já encontrado, e a delegação de Cultura da Espanha, responsável pelas escavações, já começou a analisar o bloco com técnicas avançadas de datação, um estudo feito com quartzo em amostras de sedimentos e a reconstrução visual, em 3D, da superfície gravada.
A investigação do fragmento pode abrir novos horizontes para o estudo da ocupação humana da Península Ibérica e as capacidades cognitivas das populações humanas a habitar a região, além de seus símbolos culturais específicos.