Transformar as formas de viver, começando pela própria. Esse é o espírito de "Tempo Rei", a última turnê de Gilberto Gil, que estreou neste sábado (15) na Arena Fonte Nova, em Salvador (BA). Aos 82 anos, o cantor e compositor está encerrando um ciclo de 43 anos de carreira.
A turnê "Tempo Rei" inclui, além de Salvador, apresentações em nove capitais brasileiras: Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Belo Horizonte, Curitiba, Belém, Porto Alegre, Fortaleza e Recife. A ministra da Cultura Margareth Menezes e o vocalista do BaianaSystem, Russo Passapusso, são os convidados especiais.
O baiano abriu a apresentação com o clássico "Palco". Preta Gil, sua filha, estava na plateia. Após a alta do hospital por infecção urinária, a cantora foi ao show do pai, que dedicou a música "Drão" à Preta enquanto imagens dele com ela criança foram exibidas no telão.
"Esse show é para mim. É para todos nós. Mas é especialmente para minha filha", declarou.
No show de despedida, que não é apenas de despedida, Gilberto Gil vai além de contar histórias — ele é a própria história viva, reunindo no palco os múltiplos fios de uma obra que transcende os registros históricos. Quem conhece Gil sabe que é um adeus que nunca será um fim, mas um encontro entre quem sempre cantou junto.
Mais do que resgatar um passado, a apresentação mostra que a música tropicalista permanece relevante e capaz de tocar os corações — especialmente neste momento político e de efervescência cultural.
Gilberto Gil lembrou quando foi preso e exilado em Londres na Ditadura Militar. Durante um dos momentos mais marcantes do show, os fãs entoaram o grito de "sem anistia", logo antes de o baiano cantar "Cálice", música feita com Chico Buarque e lançada em 1978. O cantor explicou que o significado da letra da música trazia críticas diretas ao regime militar após o Ato Institucional nº 5 (AI-5) e destacou a necessidade de "ficar atento".
A apresentação incluiu “Esperando na Janela” e “Se Eu Quiser Falar Com Deus”, e também reverenciou Dominguinhos e João Gilberto, figuras fundamentais na formação musical do cantor. Para muitos que estavam ali e ainda estarão nos próximos dias da turnê, ficou a certeza de que com ou sem turnês futuras, "tudo permanecerá do jeito que tem sido" há mais de 50 anos: Gil e sua música são imortais.
Confira as datas da turnê 'Tempo Rei'
- 29 e 30 de março e 5 e 6 de abril - Rio de Janeiro - Farmasi Arena
- 11, 12, 25 e 26 de abril - São Paulo - Allianz Parque
- 31 de maio e 1º de junho - Rio de Janeiro - Marina da Glória
- 7 de junho - Brasília - Arena BRB
- 14 de junho - Belo Horizonte - Arena MRV
- 5 de julho - Curitiba - Ligga Arena
- 9 de agosto - Belém - Estádio Mangueirão
- 6 de setembro - Porto Alegre - Estádio Beira Rio
- 15 de novembro - Fortaleza - Centro de Formação Olímpica
- 22 de novembro - Recife - Classic Hall