VIZINHANÇA

"Os Outros": 2ª temporada de série da Globoplay chega ao fim com roteiro equivocado

Apesar de reunir um elenco estelar, as boas atuações são atropeladas por um texto errático

"Os Outros": 2ª temporada de série da Globoplay chega ao fim com roteiro equivocado.Créditos: Divulgação
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Se a primeira temporada da série Os Outros (Globoplay) foi brilhante do primeiro ao último episódio, conseguindo transpor para a tela as paranoias e confusões em torno das intrigas de um condomínio na Barra da Tijuca, o mesmo não se pode dizer da segunda temporada, que acabou de terminar.

Como se sabe, a primeira temporada termina com o "sumiço" de Marcinho (Antônio Haddad), que é ameaçado pelo miliciano Sérgio (Eduardo Sterblitch). Dessa maneira, a segunda temporada começa com o drama de Cibele (Adriana Esteves), que busca seu filho desaparecido, e parece que vamos adentrar essa trama, mas não, e a coisa simplesmente desanda.

Agora, em vez de um condomínio de prédios, a trama se passa em um condomínio de mansões. Logo de cara, também somos informados de que o miliciano Sérgio se elegeu vereador e de que sua filha Lorraine (Gi Fernandes) e sua mãe Joana (Kênia Bárbara) voltaram a viver com... Sérgio!

O núcleo de Cibele, Marcinho, Lorraine, Joana e Sérgio é o único remanescente da temporada anterior. Temos, então, alguns novos personagens: o casal Raquel (Leticia Colin) e Paulo (Sergio Guizé), o solitário Duval (Luis Lobianco), e Maria (Mariana Nunes) e seu filho Kevin (Cauê Campos).

Roteiro equivocado

De início, somos levados a acreditar que a trama vai girar em torno de Cibele em busca de Marcinho e da nova fase da vida de Sérgio, que agora é vereador. Além disso, tudo parece indicar que haverá uma discussão sobre o fundamentalismo religioso a partir da personagem Raquel.

As personagens Maria e Kevin possuem uma ligação nefasta e trágica com o personagem Paulo, e a resolução dessa trama beira o absurdo e é muito mal desenvolvida, com buracos no texto que chegam ao amadorismo.

E tudo piora no desenrolar dos episódios: Marcinho tenta visitar Lorraine escondido, mas eles são descobertos por Sérgio, que recruta Marcinho, que passa a viver com eles... e sua mãe continua na busca.

Raquel controla uma célula evangélica em sua casa, mas isso é mal desenvolvido e fica por isso mesmo, até porque o texto, totalmente confuso, nos mostra que as pessoas que frequentam o grupo da religiosa não são evangélicos... seria um grupo terapêutico?

Excelentes atuações atropeladas por um roteiro errático

A maneira como as tramas são – ou melhor, tentam ser – amarradas é completamente confusa e mal elaborada, algo que na temporada anterior foi totalmente o contrário: não havia ponta solta. Na segunda temporada, há uma legião de pontas soltas.

Se o roteiro se revela profundamente confuso e com graves problemas de desenvolvimento, o mesmo não se pode dizer do elenco, que está simplesmente brilhante e salva a segunda temporada de Os Outros de um completo desastre.

Todos os atores estão ótimos em cena, mas alguns merecem destaque: Leticia Colin, como sempre, se transforma e dá o tom das cenas; Gi Fernandes também merece destaque, com uma atuação simplesmente brilhante. Fernandes também se destaca em Justiça 2 – vale a pena conferir.

Por fim, choca como a série Os Outros passa de uma primeira temporada brilhante e com tramas bem resolvidas para uma segunda temporada completamente errática. Até mesmo temas que poderiam ser melhor desenvolvidos – masculinidades, fundamentalismo e parentalidade – se perdem em um texto confuso e mal resolvido.