VAI PRA CUBA!

Conheça a Estrela Vermelha, agência de viagens de esquerda: "todo turismo é ideológico"

Com a companhia, clientes brincam que "não correm risco de viajar na companhia de bolsonaristas"

Grupo de viagem da Estrela Vermelha na RússiaCréditos: Instagram/@estrelavermelhaviagens
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Uma agência de viagens de "turismo político". É assim que se define a Estrela Vermelha, empresa fundada em 2023 por Cauê Araújo e pelo historiador Rodrigo Ianhez que oferece pacotes de viagens para destinos como Cuba, Rússia, Irã, Belarus, Armênia e Georgia.

Os sócios conversaram com a Fórum sobre a proposta curiosa da agência, que já fez sete viagens para sete países diferentes, passando por três continentes e 51 cidades, passando por 15 patrimônios universais reconhecidos pela Unesco.

Cauê e Ianhez são de esquerda e fundaram a empresa com o intuito de atender pessoas com posicionamento político como o deles. "Há agências ao redor de todo o mundo que têm buscado nichos para trabalhar com nichos. A gente pegou um enfoque que inevitavelmente cai na questão política. E muita gente que viaja com a gente fala justamente que escolheu Estrela Vermelha porque não corre risco de viajar na companhia de bolsonaristas", brinca Rodrigo.

A empresa oferece diferentes pacotes de viagens para diferentes locais do planeta, usualmente com um histórico político anti-hegemônico, com ex-repúblicas soviéticas, o Irã e países socialistas, como Cuba, China e Vietnã.

O serviço inclui passeios, alimentação, acomodação e transporte. Os valores não incluem passagens.

Os viajantes que compram pacotes da Estrela Vermelha viajam em grupos e são acompanhados por guias, que estudam rigorosamente a história e cultura dos destinos. Além disso, a agência também oferece ajuda com questões práticas em países com experiências turísticas complicadas por sanções ou por barreiras culturais.

Rodrigo Ianhez cita, por exemplo, as dificuldades financeiras para se viajar na Rússia sancionada, ou os problemas com tíquetes e pagamentos digitais em uma China hiper digital.

"Nosso papel é enfrentar todas essas dificuldades para que o viajante não precise. É um problema reservar hotéis muitas vezes nesses lugares. A gente adianta todos esses aspectos práticos mais chatos para a pessoa não ter esse tipo de preocupação", explica.

Questionados sobre a compatibilidade entre o turismo político com viés de esquerda e questões ideológicas, os sócios explicam: vivem em um sistema capitalista e, assim como todos, precisam pagar suas contas. Além disso, enxergam que o turismo pode ser uma ferramenta de transformação.

"Todo turismo é ideológico. Por que que você prefere ir para Paris e não prefere ir para Irã, por exemplo? Por que que as pessoas vão mais a Paris, a Miami, e não vão para países como Georgia, como Amênia? Então, todo turismo é ideológico e a gente tenta mudar isso um pouco", explica Cauê.

Os pacotes futuros incluem Rússia e Belarus, Irã, Cuba, China, Transiberiana, Alemanha, Geórgia e Armênia. A Coreia do Norte e o Vietnã estão no horizonte da agência.

 

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