O cantor e compositor Caetano Veloso é um apaixonado por cinema. Declarou várias vezes ser um cineasta frustrado, pensou durante a juventude ser crítico e acabou por dirigir, em 1986, “O cinema falado”, com depoimentos de nomes como Júlio Bressane, Regina Casé, Gilberto Gil, Elza Soares, Chico Diaz e Dorival Caymmi.
Participou de alguns outros filmes como ator e se diz um “canastrão”.
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O fato é que o cinema o fez pensar, foi um dos pilares fundamentais para que ele se transformasse no artista genial, imprescindível e insubstituível que veio a se tornar. Como ele mesmo define, “sentia que (o cinema) era algo que estava para além da diversão”.
A paixão de Caetano pelo cinema, no entanto, é a mesma de toda uma geração, que devorou desde blockbusters americanos até os neo realistas, entre eles “A estrada da vida”, de Federico Fellini, que teria mudado sua vida.
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E é essa paixão, que vem desde sempre na vida do artista que está organizada no livro “Cine Subaé: Escritos sobre cinema (1960 - 2023)”, que a Companhia das Letras lança nesta terça-feira (28). Nele estão escritos de Caetano que vêm desde colaborações da juventude para o periódico Archote, passando por artigos escritos para o Diário de Notícias, de Salvador, contratado pelo cineasta e escritor Orlando Senna, até publicações mais recentes, entrevistas, depoimentos, reflexões e comentários sobre o assunto.
Caetano Veloso é, no mínimo, um espectador privilegiado que discorre com grande propriedade sobre o assunto. Aos jovens que cresceram com as plataformas de streaming talvez seja difícil entender a importância que as salas, cineclubes e congêneres tiveram nas gerações anteriores.
Ler, ver e ouvir o que Caetano tem a dizer sobre o assunto não é só mais uma faceta para entender a sua vida e obra. Muito mais do que isso, o livro tem tudo para nos dar uma dimensão ampla do significado do cinema para a formação de toda uma geração.
Entre inúmeros exemplos, o letrista Márcio Borges conta no belo “Histórias do Clube da Esquina” que ele e Milton Nascimento resolveram se tornar artistas após assistirem a “Jules et Jim – Uma mulher para dois”, de François Truffaut.
Enfim, uma reflexão que vale cada frame.