Previsto para ser lançado no final do ano, a peça “A Baleia” terá sua primeira adaptação no Brasil. O filme, que rendeu o Oscar de Melhor Ator a Brendan Fraser e de Melhor Atriz Coadjuvante a Hong Chau em 2023, terá José de Abreu interpretando o professor Charlie. O ator se prepara para o desafio de se tornar o protagonista da trama em uma nova peça.
“Vai ser a primeira no Brasil em que será feita uma maquiagem do tipo, mais do que uma maquiagem [...] Venho fazendo estudos em relação ao filme e outras montagens e, você quase que ‘entra' dentro de uma outra pessoa, outro personagem. Você veste aqueles cento e poucos quilos para dar a sensação de obesidade mórbida. É algo muito difícil e novo”, afirma o ator à Fórum.
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Zé revelou detalhes da produção da peça, que terá sua estreia no Rio de Janeiro e ainda vai passar por vários desenvolvimentos. “Vamos começar a ensaiar em outubro, novembro e dezembro e estrear entre dezembro e início de janeiro do ano que vem”, disse.
Para o artista, protagonizar o professor de inglês, um dos escolhidos para sua atuação, é um papel muito importante. “Quando entrei em contato com o autor da peça e vi o roteiro, não tinha como fazer outro papel, esse era o único que eu podia fazer”, lembra ele. Outros personagens como a filha Elle, a amiga e enfermeira Liz, a esposa Mary e o namorado, Allan fazem parte do enredo.
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O que conta “A Baleia”?
A Baleia, lançado em 2022 nos Estados Unidos e em fevereiro de 2023 no Brasil, acompanha a história de Charlie (interpretado pelo ator americano Brendan Fraser), um professor de inglês recluso que luta contra a obesidade mórbida e a compulsão alimentar. Afundado em sofrimento após a perda do amor de sua vida, ele busca redenção se reconectando com a filha adolescente que abandonou.
Inspirado na peça do dramaturgo Samuel D. Hunter, o enredo discute questões essenciais, como religiosidade, homossexualidade, amor, personalidade, luto e gordofobia. O peso do corpo de Charlie é apenas a camada superficial de um sofrimento muito mais profundo.
O enredo conta como a obesidade serve muitas vezes como um escudo para carregar dores como perda, luto, repressão, culpa, arrependimento e remorso. A jornada do professor é uma busca por redenção, por um alento para a dor que o consome, que nos convida a ir além das aparências e mergulhar na complexa psique humana.
De acordo com José, a história também propõe um forte questionamento à “cura gay”, terapia sem fundamento que é contra a orientação sexual de pessoas LGBTQIAPN+. “Além de discutir o fato da obesidade mórbida, existe uma característica no filme, que é inspirado em uma peça feita no seminário de dramaturgia. É a discussão da religião e da tentativa da ‘cura gay’, algo muito louco”, destaca.
O ator conta que a peça promove várias leituras e reflete sobre o relacionamento entre os dois personagens. “O namorado do Charlie era filho de um bispo e acaba entrando em depressão profunda por causa de uma repressão violenta que ele sofreu da família. E o Charlie começa a comer desvairadamente e descamba para quase um suicídio, ao contrário de seu namorado. Ele entra em uma situação de letargia na vida e não come mais, não faz mais nada. Obviamente são duas formas diferentes de promover um fim da vida. Mas é importante ressaltar que a peça tem muitas leituras. Espero que a gente consiga fazer elas. É muito interessante”, ressalta ele.
Grande nome da teledramaturgia brasileira
José de Abreu é ativista político e conhecido por papéis em novelas memoráveis da TV Globo, com uma carreira que remonta a 1980, quando estreou na novela "As Três Marias". Desde então, acumula dezenas de produções de sucesso, como "Corpo a Corpo", "Ti Ti Ti", "O Primo Basílio", "Tieta", "Pantanal", "Porto dos Milagres", "A Casa das Sete Mulheres", "Senhora do Destino", "Caminho das Índias", "Avenida Brasil", "Segundo Sol" e "A Dona do Pedaço".