LUTO NA LITERATURA

Morre o escritor Dalton Trevisan aos 99 anos

Conhecido como "Vampiro de Curitiba", Trevisan ganhou prêmios nacionais e internacionais, como o Jabuti e o Camões

O escritor Dalton Trevisan.Créditos: Acervo pessoal/Editora Todavia/Divulgação
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O escritor Dalton Trevisan, uma das figuras mais emblemáticas da literatura brasileira, morreu nesta segunda-feira (9) em Curitiba, aos 99 anos. Autor recluso e avesso à vida pública, Trevisan construiu uma carreira marcada por obras que retratam a solidão, as dores e os dramas do cotidiano.

A morte do "Vampiro de Curitiba" – apelido que faz referência ao livro de mesmo nome publicado em 1965 – foi anunciada por familiares e pela secretaria estadual de Cultura do Paraná através das redes sociais. 

"A Secretaria de Estado da Cultura do Paraná (SEEC) manifesta profundo pesar pelo falecimento de Dalton Trevisan, um dos maiores nomes da literatura brasileira e ícone cultural de Curitiba. Mestre do conto, desvendou como poucos as complexidades humanas e as angústias cotidianas da vida urbana. Dalton retratou com crueza a solidão, os dilemas morais e as contradições da classe média, com um olhar atento para os excluídos e marginalizados", diz o comunicado. 

"Sua reclusão pública contrastava com a vivacidade de sua escrita, que permanece como um marco da literatura brasileira contemporânea. Dalton deixa um legado de rigor literário, criatividade e uma visão aguda e implacável sobre o ser humano", prossegue a secretaria. 

Confira: 

Quem foi Dalton Trevisan

Nascido em 14 de junho de 1925 em Curitiba, Dalton Trevisan publicou obras que se tornaram clássicos, como O Vampiro de Curitiba (1965), que o consagrou como um dos grandes contistas do país.

Entre suas principais obras estão Cemitério de Elefantes (1964), A Polaquinha (1985) e O Maníaco do Olho Verde (2008). Seu estilo econômico e introspectivo rendeu comparações com nomes como Tchekhov e Kafka, estabelecendo-o como um mestre da concisão e do subtexto.

Trevisan recebeu inúmeros prêmios ao longo de sua trajetória, incluindo o prestigioso Prêmio Camões, em 2012, e quatro edições do Prêmio Jabuti. Apesar do reconhecimento, manteve-se distante dos holofotes, recusando entrevistas e fotografias. Esse comportamento contribuiu para a aura de mistério que envolveu sua figura, reforçando seu legado como o enigmático “Vampiro de Curitiba”.

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