A tradicional Lavagem do Bonfim, uma das maiores festas populares de Salvador, está comemorando nesta quinta-feira (11) os 270 anos da fundação da Basílica de Nosso Senhor do Bonfim. A festa, que reúne milhares de fiéis e turistas, teve início pela manhã com uma missa na Igreja da Nossa Senhora da Conceição da Praia e seguirá até a Colina Sagrada. As festividades vão ocorrer até o dia 14 de janeiro, no domingo, segundo a Basílica Santuário Senhor Bom Jesus do Bonfim. O lema deste ano é “Ao teu lado sempre unidos, somos teu povo Senhor”.
O sincretismo religioso entre o Senhor do Bonfim e Oxalá é uma das principais razões da popularidade do santo em Salvador, e atrai fiéis tanto da religião afro-brasileira, quanto da católica, mas qual a origem da celebração e a simbologia em torno das fitinhas? A Fórum vem contar um pouco sobre a história por trás da grande Lavagem de Bonfim.
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Fé, cultura e significado: as fitinhas símbolo
Engana-se quem pensa ser uma tradição recente. A origem da fitinha do Bonfim tem antecedentes na Idade Média. No século XII, os cruzados europeus levaram para a Europa um costume árabe de usar fitas de cetim como amuletos e no século XVI, os portugueses trouxeram o costume para o Brasil, findando-se na Bahia. Popularizada em 1809 em Salvador por Manuel Antônio da Silva Serva, que fundou e dirigiu a primeira criação na composição e impressão de um texto da Bahia, as fitas foram nomeadas de “Medida do Bonfim”, que levam até hoje os pedidos dos seus fiéis. O nome de batismo foi esse justamente porque media 47 centímetros de comprimento, tamanho do braço direito da estátua de Jesus Cristo, Senhor do Bonfim, que fica na basílica.
Pela tradição, elas são atadas no braço esquerdo e no tornozelo com três nós, e cada nó faz referência a um pedido realizado. Caso ela arrebente naturalmente, os pedidos feitos serão realizados. Embora à venda em diversos lugares, a fita, para dar sorte, deve ser presenteada e não comprada.
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Cada cor representa um orixá
As fitinhas, que podem ser confeccionadas com algodão, cetim, nylon ou pano, trazem a emblemática frase "Lembrança do Senhor do Bonfim", com cada cor carregando consigo um simbolismo ligado a um Orixá, apesar de sua origem e nome remeterem à tradição católica. Assim, o verde escuro representa Oxóssi, o azul claro está associado a Iemanjá, enquanto o amarelo simboliza Oxum. Independentemente da tonalidade escolhida, a fita carrega consigo uma rica representação simbólica, estética e espiritual.