LITERATURA

Conceição Evaristo é a primeira mulher negra a ganhar o prêmio Juca Pato

A escritora mineira foi eleita Intelectual do Ano pela obra "Canção para ninar menino grande"

Conceição Evaristo.Créditos: Fernando Frazão/Agência Brasil
Escrito en CULTURA el

“Um mosaico afetuoso de experiências negras”, é como se define o livro que levou Conceição Evaristo a ganhar o prêmio Juca Pato como Intelectual do Ano, no último sábado (16). Ela é a primeira mulher negra a vencer a premiação, que acontece desde 1962. 

O prêmio, concedido pela União Brasileira de Escritores em São Paulo, é destinado “à personalidade que, havendo publicado livro no Brasil no ano anterior, tenha se destacado, pelo conjunto da sua obra, em qualquer área do conhecimento e contribuído para o desenvolvimento e prestígio do País, na defesa dos valores democráticos e republicanos”.

Conceição recebeu a premiação pelo livro “Canção para ninar menino grande”, que discute as contradições e complexidades em torno da masculinidade de homens negros e os efeitos nas relações com mulheres negras

Sobre Conceição Evaristo

Mineira de Belo Horizonte, Conceição nasceu em 1946 e trabalhou como empregada doméstica grande parte de sua vida. É nos anos 1970 que ela ingressa no mundo literário, quando se muda para o Rio de Janeiro e se torna doutora em Literatura Comparada pela Universidade Federal Fluminense. 

É consagrada como uma das escritoras mais importantes da atualidade e foi a criadora do conceito de “escrevivência”, estilo de escrita inspirado na realidade das pessoas. Com esse diferencial, ela aborda os temas de racismo e machismo em suas obras. 

Em entrevista à Fórum em 2017, ela falou sobre a frase “Minha escrita é contaminada pela condição de mulher negra”.

“Na verdade, tudo que eu escrevo, romances, poemas, contos e também ensaios, é profundamente marcado pela condição de mulher negra. Não há como me desvencilhar disso, mesmo quando invento uma história. Dizem que o que marca a autoria negra é o ponto de vista do texto. No entanto, o ponto de vista não é matéria espontânea. Há um sujeito autoral responsável por esse ponto de vista. O sujeito que vive em uma sociedade racista, classista e machista. E essa herança histórica sempre está presente na minha escrita. Antes, até sem querer. Mas, de alguns anos para cá, de forma proposital, consequência de um projeto literário.

Em 2019, Conceição também venceu o Prêmio Jabuti, concedido pela Câmara Brasileira do Livro.

Agora, se consagra como a Intelectual do Ano de 2023.