Em decorrência de uma parada cardíaca e pulmonar, a cantora Lana Bittencourt morreu nesta segunda-feira (28), aos 91 anos. Ela estava internada para tratar uma infecção urinária e uma bactéria encontrada no seu organismo.
Depois foi transferida para o Hospital Alcides Carneiro, em Petrópolis, na Região Serra do Rio de Janeiro. A notícia de sua morte foi confirmada pela família.
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Quem foi Lana Bittencourt
Lana Bittencourt nasceu em 5 de fevereiro de 1932 e ficou conhecida na década de 1950, durante a chamada “Era de Ouro do Rádio” brasileiro. Um dos grandes sucessos interpretados por ela foi a música “Se todos fossem iguais a você”, de Tom Jobim. Dizem que ela era tão talentosa que chegou a ser apelidada de “A Internacional” pelo apresentador César de Alencar, por sua habilidade em cantar em diversos idiomas. Ela deixa um legado inesquecível no cinema e na música brasileira.
Como atriz, teve uma carreira de sucesso, onde participou de importantes trabalhos ao lado do ator e cineasta brasileiro. Amácio Mazzaropi. Ela atuou em filmes como “Chofer de Praça”, “Jeca Tatu” e “As Aventuras de Pedro Malasartes”. Seu talento e versatilidade ao interpretar personagens foram memoráveis nas produções.
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Como tudo começou
A artista pertencia à geração de cantoras da era do rádio que se destacaram por suas vozes poderosas e interpretações operísticas. No entanto, vale lembrar que ela não ficou presa ao passado e inovou, tornando-se uma excelente intérprete da MPB de Ivan Lins e Vitor Martins, como em “Bilhete”, e de Gonzaguinha, como em “Sangrando” e “É”.
Lana foi uma das poucas cantoras de sua época que não enfrentou restrições por parte de sua família para seguir essa carreira, que na época era vista como marginalizada. Apesar de militar, seu pai era poeta e compositor, e, desde cedo, sua avó italiana a incentivou a estudar canto lírico. Quando adulta, a cantora ingressou na faculdade de Filosofia e depois se transferiu para o curso de Letras. Seu sonho era trabalhar no setor de biblioteconomia do Itamaraty.
Depois de retornar ao Rio, Lana Bittencourt se tornou crooner da boate Meia-Noite do Copacabana Palace, onde cantava em vários idiomas. Enquanto isso, ela também atuava como freelancer em alguns programas na Rádio Tupi, até conquistar seu primeiro contrato radiofônico na Mayrink Veiga. A partir daí, sua carreira no mundo do disco decolou.
Lana estreou em 1954 na Todamérica e, no ano seguinte, mudou-se para a multinacional Columbia, dirigida por Roberto Côrte Real. Ele precisava de uma intérprete versátil para gravar sucessos internacionais, ao estilo da cantora ítalo-franco-alemã Caterina Valente.
A artista gravou uma grande variedade de músicas e interpretando versões de clássicos cubanos de Ernesto Lecuona, como “Malagueña” e “Andalucia”, canções-tema de filmes americanos, como “Johnny Guitar”, do ano de 1954, e outras no original estrangeiro, como “Hymne à l’amour”, do repertório de Edith Piaf, além de tangos, rock e boleros.
Entre as músicas nacionais, consolidou sucessos como o samba-canção “Se alguém telefonar” e o baião “Zezé”, que tinha versos em diferentes línguas. No entanto, foi com a versão de “Little Darlin” que ela se consagrou. Em 1957, Lana vendeu 700 mil discos de 78 rpm desse calypso-rock. A demora da chegada dos discos estrangeiros ao Brasil foi um fator que também contribui para isso.
Na época, os discos do grupo americano The Diamonds, que lançou a música nos Estados Unidos começava a ganhar atenção do mundo. O sucesso da atriz chamou a atenção do diretor internacional da Columbia, Nat Shapiro, que veio ao Brasil para entregar a Lana um troféu pela vendagem histórica e convidá-la para ir aos EUA.