BOAS FESTAS

Deixou o presente de Natal para a última hora? Colunistas da Fórum indicam livros

Colunistas do site da Revista Fórum recomendam diferentes tipos de leitura, das nacionais às internacionais, para presentear neste fim de ano

Créditos: Freepik
Escrito en CULTURA el

Nem sempre as pessoas conseguem tempo ou criatividade para escolher um bom presente de Natal. Pensando nisso, a Fórum consultou seus colunistas e preparou uma lista com sugestões de livros para presentar neste fim de ano. 

Vale lembrar que na Loja Fórum há diversas opções de livros, além de outros itens para presente, como canecas, cafés e vinhos. Quem é Sócio Fórum tem descontos especiais. Clique aqui e saiba mais. 

Abaixo, confira as sugestões de livros para dar como presente de Natal feitas por colunistas da Fórum, com breve explicação dos próprios sobre as obras. 

  • Antonio Mello sugere "Pessoa, Uma biografia", de Richard Zenith

Comentário do colunista

O autor levou 30 anos para escrever esta biografia sobre o múltiplo Fernando Pessoa. São mais de mil páginas com muita informação sobre o(s) poeta(s), preferido(s) de muita gente como eu. Um presentão, em todos os sentidos.

  • Cynara Menezes sugere "Gambé", de Fred Di Giacomo Rocha 

Comentário da colunista: 

Fred Di Giacomo Rocha volta ao pouco visitado - em nossa literatura - oeste paulista para contar uma história farsesca, inspirada em fatos reais, sobre o policial Gambé, que atuava sob o comando do lendário tenente Zé Galinha no Batalhão de Caçadores Tobias de Aguiar, que daria origem à truculenta ROTA. Assim como acontece em seu primeiro romance, Desamparo, Di Giacomo cria uma atmosfera de faroeste à brasileira em torno da região onde fica Penápolis, sua cidade natal. No novo livro, é possível ver a gênese da violência da polícia paulista, cuja opressão e a prática de tortura são bem anteriores à ditadura militar... Excelente. 

  • Luiz Carlos Azenha sugere "A Festa do Bode", de Mário Vargas Llosa

Comentário do colunista: 

A Festa do Bode, do reacionário Mário Vargas Llosa, é um dos livros mais bem escritos em espanhol. É uma alegoria sobre o generalíssimo Trujillo, ditador da República Dominicana, que cabe em qualquer líder que se deixe seduzir pelo poder absoluto, o que tem se tornado cada vez mais comum. Livro de ficção atualíssimo sobre os poderosos de hoje.Para aprecia boa escrita, é estupendo.

  •  Mauro Lopes indica "Misoginia na internet", de Mariana Valente

Comentário do colunista: 

Um livro atualíssimo e urgente. A partir de casos concretos, Rose Leonel (2005), Lola Aronovich (2011), Carolina Dieckmann (2012), Maju Coutinho (2015) e Marielle Franco (2018), Mariana Valente apresenta um panorama histórico sobre a presença das mulheres na internet e a reação misógina a elas. Valente é diretora da InternetLab e doutora em direito pela USP. Com um texto envolvente, rico em informações e com uma reflexão rigorosa, pontua um tema central dos tempos que correm. Apesar do Janja ser posterior à publicação do livro, lê-lo abre a mente e o coração para uma nova visão sobre os ataques a ela. Se você é mulher e frequenta a internet, um livro  essencial para proteger-se, lutar e entender. Se você é homem e quer estar ao lado delas, pode abrir sua mente e coração. Recomendo demais para embarcar em 2024

  • Maria Frô indica "Esfarrapados", de Cesar Calejon 

 

Comentário da colunista: 

Calejon, a partir do conceito elitismo histórico-cultural, busca entender as desigualdades e formas de superá-la, dialogando com teorias de Vygotski, Marx, Paulo Freire e Boaventura de Sousa Santos.

  • Mouzar Benedito indica "O Homem Que Amava Os Cachorros". de Leonardo Padura 

Comentário do colunista: 

"O homem que amava os cachorros", do cubano Leonardo Padura, é um romance histórico sobre toda a trama que resultou no assassinato de Trotsky por Ramón Mercader. Vai muito além da história desses dois personagens. Traz informações preciosas sobre toda a história desse período e, para mim, joga luz, por exemplo, sobre o o papel desempenhado por pessoas como como Santiago Carrillo, La Pasionaria (Dolores Ibárruri), Stalin e outros personagens, além de organizações políticas, na Guerra Civil Espanhola. Acho que é um livro que merece ser lido por todos nós, de esquerda.

 

  • Raphael Fagundes indica "Ignorância: uma história global", de Peter Burke, com tradução de Rodrigo Seabra

 Comentário do colunista: 

Inspirado nas atitudes dos governos Trump e Bolsonaro, o autor analisa a ignorância ao longo da história destacando a falta de conhecimento (sobre as causas das pandemias, aquecimento global etc.) e a produção da ignorância para a manutenção das relações de dominação.

Ana Beatriz Prudente Alckmin indica "Amor que transforma", de Lu Alckmin

Comentário da colunista:

"Amor que transforma" é o título do livro de Lu Alckmin, com a emocionante jornada após a maior dor do mundo - a perda de seu filho Thomas em um trágico acidente de helicóptero. Neste relato tocante, ela nos conduz pelos momentos mais desafiadores de sua vida, revelando como o amor, a fé e a união familiar se tornaram a força propulsora para superar essa dor inigualável. A importância da compaixão, a transformação da tristeza em esperança e o legado deixado por Thomas são entrelaçados com relatos comoventes e fotos inéditas. Este livro é uma jornada de superação, uma ode ao poder transformador do amor, mostrando que, mesmo diante da maior adversidade, podemos encontrar luz e inspiração para recomeçar.

  • Cesar Castanha recomenda "A Mão e a Luva", de Machado de Assis.

 Comentário do colunista: 

A Mão e a Luva não compartilha do experimento formal que marca a narrativa e o ponto de vista de alguns dos romances mais celebrados de Machado de Assis. O livro se apresenta como um folhetim - em uma narrativa cronológica simples e direta ao ponto -, mas um folhetim muito sofisticado no seu interesse pelo que move seus personagens não apenas emocionalmente, mas também na frieza lógica dos projetos econômicos, sociais e privados que constroem para si mesmos e que terminam por informar também a sua emoção. 

  • Normando Rodrigues recomenda "A Resistência", de Julián Fuks

Comentário do colunista: 

“É certo que as assembleias estavam proibidas, vedados todos os encontros de índole subversiva, mas podia um simples jantar ser enquadrado dessa forma?”

Num tempo de captura quase absoluta do humano pelo Capital – a ponto de o governo Milei criar um “Ministério do Capital Humano”, com direito a titular de fala arrepiantemente distópica – vale a pena mergulhar num drama argentino-universal, no qual as dimensões política e pessoal se entrecruzam para que nos revelemos seres sociais, irrecorrivelmente condenados à nossa humanidade. Drama e trama tecidos na vida e escrita de “A Resistência”, de Julián Fuks (Companhia das Letras), Prêmio Jabuti de Melhor Romance em 2016.

  • Monica Benicio recomenda "Milicianos - Como agentes formados para combater o crime passaram a matar a serviço dele", de Rafael Soares

 Comentário da colunista: 

O jornalista Rafael Soares revela o submundo Rio de Janeiro, estado símbolo do poder paramilitar no Brasil. Com um Estado por hora omisso, por vez partícipe, “Milicianos” reconstituiu a trajetória de vários agentes emblemáticos na história do crime do Rio de Janeiro, como Ronnie Lessa, acusado de ser o assassino da vereadora Marielle Franco.

  • Valerio Arcary recomenda "Getúlio", de Lira Neto 

Comentário do colunista: 

Um livro instigante que descreve com grandeza a pessoa e com inteligência os contextos da luta de classes no Brasil antes do golpe de 1964.

  • Zé Barbosa Jr indica "O Deus dos Oprimidos", de James H. Cone 

Comentário do colunista: 

Indico o livro "O Deus dos Oprimidos" de James H. Cone, um clássico da teologia negra, um livro que nos desafia a rever toda a teologia eurocentrada que assimilamos e nos confronta com os privilégios da branquitude no fazer teológico e na relação de lutas sociais a partir de uma percepção radical (no melhor sentido - raiz) do Evangelho.

  • João Vicente Goulart indica "Los límites del perdón", de Simon Wiesenthal

 Comentário do colunista: 

"O autor era caçador de nazistas e escritor. A obra narra a história de um soldado, atormentado pelos crimes que cometeu, e que desejava se confessar e obter a absolvição de um judeu. O estranho encontro mostra o dilema e as questões morais sobre os limites do perdão"

  • Luis Cosme Pinto indica “Mas Em Que Mundo Tu Vive", de José Faleiro

 Comentário do colunista: 

É um livro de crônicas do escritor José Faleiro, que é um gaúcho muito bem identificado com Porto Alegre. E fala muito bem dos bairros mais distantes da cidade, conta o sufoco da população que mora por lá, com muita leveza, muita graça, muito bom humor, mas também com muita crítica social. É ácido quando precisa ser e é divertido quando pode ser. Esse não é primeiro livro do José Faleiro, ele já fez outros. Um deles, aliás, que é bem conhecido, chama-se ‘Os Supridores’. No caso de ‘Mas Em Que Mundo Tu Vive’, ele aposta muito na oralidade, ele escreve do jeito que os personagens dele falam, então tem muita gíria, muitas expressões da região Sul, tem até o que os mais exigentes com a gramática chamam de erros, mas é do jeito que a população fala. Enfim, é um livro que faz com que o leitor se divirta muito com passagens alegres e bem humoradas, mas também faz a pessoa refletir muito sobre o mundo em que vivemos, sobre a exploração a que as pessoas são submetidas. 

  • Iara Vidal recomenda "Revolução da Moda - Jornadas para a sustentabilidade", de Fashion Revolution

Comentário da colunista:

Primeiro livro do Fashion Revolution Brasil reúne textos de mulheres que acreditam no poder de transformação positiva da moda, mas  despem a realidade pouco conhecida e nada glamorosa da moda: trabalho análogo ao escravo, exploração de recursos naturais, opressão e desigualdades.