Coube à escritora e roteirista Maria Adelaide Amaral a responsabilidade de iniciar a homenagem a Jô Soares, na missa de sétimo dia, nesta sexta-feira (12), pela morte do artista.
Durante o evento, organizado pela Academia Paulista de Letras, na capela do colégio Nossa Senhora do Sion, em Higienópolis, São Paulo, Maria Adelaide leu o “Salmo 22”. Em seguida, a missa foi celebrada pelo bispo Fernando Antônio Figueiredo e pelo padre Júlio Lancelotti.
Durante a celebração, o jornalista, amigo e biógrafo, Matinas Suzuki Jr. leu as últimas páginas do segundo volume do livro de memórias do artista.
O também amigo Drauzio Varella, médico e escritor, revelou que Jô Soares queria deixar o hospital e passar os últimos dias em sua casa assistindo a filmes clássicos noir, seu gênero favorito. “É difícil falar do gênio tendo convivido com ele”, declarou, em entrevista a Bruno Cavalcanti, na Folha de S.Paulo.
Jô sofria de problemas de pulmão e morreu depois de uma falência múltipla de órgãos. A ex-esposa, Flávia Pedra Soares, destacou a devoção do artista por santa Rita de Cássia e disse que, ao ter consciência da morte, ele repetia a frase “morrer é fácil, difícil é a comédia”, atribuída ao comediante britânico Edmund Gwenn.
Inúmeros amigos e personalidades estiveram presentes à missa, como Marília Gabriela acompanhada do filho, Theo Cochrane; Cláudia Raia, Irene Ravache, Mônica Martelli, Mayana Neiva, Martha Nowill, Vera Zimmerman, Adriane Galisteu, Mario Sergio Cortella, Leandro Karnal, Zé Maurício Machline, Juca Kfouri, Anne Porlan, Zélia Duncan e o diretor Willem van Weerelt.
Jô perdoou responsável pela morte trágica da mãe em encontro inusitado
Uma semana após sua morte, Jô Soares segue sendo destaque pelo que fez em seus 84 anos de vida. Multiartista, Jô teve um encontro inusitado com o responsável pela morte trágica da mãe, a dona de casa Mercedes Pereira Leal, em 1968, quando o humorista tinha apenas 30 anos de idade.
“Mamãe morreu atropelada, num dia de chuva terrível. O motorista do táxi não teve a menor culpa. Ela tinha 70 anos. O motorista socorreu minha mãe e a levou para o hospital. Ele fez tudo certo. Só que ela teve uma fratura de base de crânio e não resistiu", contou Jô, em 2015, em entrevista pelo YouTube ao jornalista Marcelo Bonfá.
O humorista contou ainda que dez anos depois teve um encontro inusitado com o taxista.
"Peguei um táxi no Santos Dumont e, quando cheguei em casa, o motorista falou: 'Eu preciso dizer uma coisa para o senhor. Fui eu que atropelei sua mãe. E desde esse dia, isso já faz dez anos, eu não consigo mais dormir. Só vou conseguir dormir no dia que o senhor me disser que me perdoa'", disse o taxista, segundo humorista.
Na sequência, Jô conta o que respondeu ao taxista: "Você está perdoado desde o dia que pegou a minha mãe, socorreu e ficou ao lado do meu pai até a minha mãe morrer. Você não teve culpa nenhuma. Eu te perdoo, você está mais que perdoado. Vai em paz'. Ele chorava e eu chorei muito também. O perdão para mim é a coisa mais importante no cristianismo. O perdão imediato que Cristo traz", disse.