O rapper paulista Edgar traz entre as quatro faixas do seu último EP, Ultravioleta, a eletrizante “Bíblia, Boi e Bala”, que, com versos diretos e cortantes, traduz o Brasil destes tempos como poucas obras atuais:
“Agrupe o seu gado usando o livro sagrado/ a ovelha sempre cala quando o pastor fala/ porque nesse país é só Bíblia, boi e bala”.
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Em um caso à parte, a canção ganhou um videoclipe de animação com tintas psicodélicas que, além de um belo e ágil trabalho multicolorido, parece ser premonitório do que veio a ocorrer poucos meses após o seu lançamento, com o assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Philips.
Com direção de Alexandre Nitzsche, que é também ilustrador das cenas, e Rodrigo de Freitas, a partir de argumento de Edgar, o clipe vem desde Cabral e mistura de maneira vertiginosa imagens do agrobusiness, gado, povos originários, templos e muitas, muitas armas.
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Em imagens comoventes que se desdobram em outras, uma flor nasce, ganha etiqueta de preço e morre queimada para incendiar uma dança de capetas em torno das instituições. Um anjo negro desce dos céus e executa o algoz com sua pistola enquanto a população chora sobre o corpo de um bezerro dilacerado.
Na cena final, um indígena chora de costas para as caravelas que desembarcam na praia, sob os dizeres: “Bíblia, Boi e Bala”.
Veja abaixo: