A cantora Daniela Mercury vai lançar na próxima sexta-feira (17) uma nova versão da música Milla, composta por Manno Góes e Tuca Fernandes. Famosa na voz de Netinho, a canção chegou a ser usada em atos golpistas, irritando os compositores. Mercury pretende resgatar o hit das mãos do bolsonarismo.
"Milla está salva! Eu queria trazer o espírito da liberdade para a música, mudando completamente a roupagem dela. Por isso, entrei numa área que faz parte da minha história: a música eletrônica percussiva. Ficou incrível! Milla livre para sempre”, disse ao blog do Hugo Gloss. A data escolhida para o lançamento foi 17, em uma clara referencia ao bolsonarista Netinho.
Em entrevista à Fórum, Góes disse que ficou muito feliz quando soube do interesse de Daniela Mercury em regravar Milla. O compositor destacou que a cantora é um nome da música baiana de enorme relevância e que "qualquer artista fica feliz em ter uma música gravada" por ela, mas também ponderou que Daniela também ajuda a salvar a música.
"Um motivo muito especial é que Milla é uma composição juvenil, de um amor lúdico, adolescente e estava sendo identificado com um perfil que é oposto a tudo isso, oposto a tudo que é relacionado a amorosidade, a afeto. Ela estava sendo vinculada a uma imagem antiga, decadente, com um discurso avesso à toda a ternura e delicadeza da música", afirmou Góes.
"Daniela traz de volta para Milla esse frescor, tira Milla do proximidade com qualquer coisa que seja fascista, antidemocrática, fake news... Até porque, Milla foi um amor verdadeiro... Daniela está fazendo com que Milla seja salva e seja vista com outra linguagem, mais jovem, mais bacana", completou.
Milla na justiça
A canção foi alvo de disputa judicial após Netinho decidir cantá-la em ato golpista. “Netinho ontem cantou Milla no ato em que pessoas brancas, na Paulista, gritavam ‘eu autorizo’, para Bolsonaro. Autorizam o quê? Golpe militar? Portanto, eu NÃO AUTORIZO esse débil mental de cantar minha música. Já entrei na justiça e retirarei todos os vídeos que tiverem isso”, reagiu Manno Góes pelo Twitter, na ocasião.
O vídeo em que Milla era entoada por bolsonaristas foi removido das redes da deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) após ação movida pelo compositor. “O Netinho pode tocar e cantar ‘Mila’ em seus shows, onde ele quiser. O problema é a veiculação da música, sem autorização do autor, a um ato político oposto ao que acredito”, afirmou Góes à Fórum na época.