A organização da 19ª edição da Flip (Festa Literária Internacional de Paraty) anunciou que homenageará neste ano os pensadores indígenas que morreram vítimas da Covid-19. Eles serão o tema do evento, que está marcado para ocorrer entre os dias 27 de novembro e 5 de dezembro e é o mais importante do gênero no Brasil.
Pela primeira vez a curadoria do festival será coletiva e foram justamente esses curadores que definiram o tema (habitualmente um autor), com base no texto “Nhe’éry, Plantas e Literatura”, escrito pela direção artística da Flip e pelo grupo formado pelo antropólogo Hermano Vianna, o escritor e filósofo Evando Nascimento, a editora Anna Dantes, o antropólogo João Paulo Lima Barreto e o poeta e professor de Literatura Pedro Meira Monteiro.
“Nhe’éry” (pronuncia-se nheeri) é uma expressão do idioma falado pelo povo Guarani para designar a Mata Atlântica, traduzido como “lugar onde as almas se banham”.
Esta será a segunda edição da Flip no formato exclusivamente virtual, por conta das restrições impostas pela pandemia do novo coronavírus, que mudou as relações humanas e a forma de se realizar eventos coletivos em todo o mundo.
O diretor artístico da Flip, Mauro Munhoz, explicou que o tema escolhido está em absoluta sintonia com os tempos que estamos vivendo ultimamente.
“Este ano a Flip volta seu olhar para a necessidade de se rever a dissociação entre humanidade e natureza. É um conceito que busca refletir sobre as questões mais urgentes do contemporâneo, sem ser um delineamento temático rígido. A intenção é se nutrir das florestas, que são sistemas abertos, colaborativos. Por isso, e em um momento de incertezas mundiais, todas as opções feitas para a festa têm um caráter laboratorial, buscando retratar outras perspectivas e narrativas que olham para a literatura e para a produção cultural em seus múltiplos formatos” explicou.