O Prêmio Camões, considerado o mais importante da literatura em língua portuguesa, foi entregue para a escritora moçambicana Paulina Chiziane.
A autora se tornou mundialmente famosa com a sua obra "Niketche: uma história de poligamia", onde, a partir da história de Rami retrata com teor crítico o machismo ainda presente na cultura de Moçambique e uma leitura para além do Ocidente sobre poligamia.
Além dessa obra, Paulina Chiziane também se destacou com o romance "O alegre canto da perdiz", que retrata os vários momentos históricos de seu país a partir da história de três gerações de mulheres.
Em 2014 a autora concedeu, no quintal de sua casa, nos arredores de Maputo, uma entrevista exclusiva para a Fórum.
À época, Chiziane falou sobre as suas obras e como as trata como uma ferramenta política para combater o colonialismo dos saberes e cultural.
"As pessoas de Moçambique não conhecem o curandeiro. O que se sabe, se lê sobre eles, foi escrito por antropólogos e sociólogos no tempo colonial. É a visão eurocêntrica falando sobre um africano. Depois surgiu alguns outros livros um pouco melhores sobre esse tema, mas ainda são textos de academias ocidentais, com uma série de estereótipos para descrever esses indivíduos. Nessa experiência que eu tive, o curandeiro fala por si, em primeira pessoa. O tipo de mensagem que ele transmite está livre dos preconceitos ocidentais", disse Paulina Chiziane.
A entrevista na íntegra com a escritora Paulina Chiziane pode ser conferida aqui.