A plataforma de streaming HBO Max, pertencente ao Grupo Warner, retirou do seu catálogo de filmes nos Estados Unidos o clássico “… E o Vento Levou”. A obra de Victor Fleming, filmada em 1939, é considerada por muitos como um dos maiores clássicos do cinema em todos os tempos, porém, também há muitos outros que a consideram uma obra racista, e essas críticas têm ganhado mais força no contexto atual do país.
“… E o Vento Levou” é um retrato do sul dos Estados Unidos na época da Guerra Civil (1861-1865), e mostra a vida em uma fazenda de escravos. Segundo os críticos, como o roteirista afro-americano Carlton Moss, o filme mostra uma visão glorificada da escravidão, “ao mesmo tempo em que caracterizas personagens negras como preguiçosas, simplórias e irresponsáveis, numa uma exultante aceitação da escravidão”.
Já o escritor e diretor estadunidense John Ridley considera que o filme “ignora os horrores da escravidão e perpetua os estereótipos mais dolorosos que este país mantém até hoje”.
Outra questão importante relacionada com o filme foi a reivindicação da atriz Hattie McDaniel. Ela foi a primeira pessoa negra a ser indicada e a vencer um Oscar, o de melhor atriz coadjuvante, justamente pelo seu papel no filme: o da escrava Mammy. Porém, durante a cerimônia, McDaniel não teve o direito de se sentar junto com o resto da equipe do filme, e ficou afastada do grupo, onde sim estava Olivia de Havilland, atriz branca que participou do mesmo filme, interpretando o papel de Melanie Hamilton, e que também concorreu na mesma categoria, mas perdeu o prêmio.
Em comunicado, a HBO Max justificou a decisão dizendo que “ `… E o Vento Levou´ é um produto de seu tempo e retrata alguns dos preconceitos étnicos e raciais que, infelizmente, têm sido comuns na sociedade americana (…) Essas representações racistas estavam erradas no passado e estão erradas hoje, e sentimos que seria desnecessário manter esse título sem explicação e sem uma denúncia dessas representações”.