O lado oculto de Sean Connery: para o ator, agredir mulheres era “absolutamente correto”

“Eu recomendo não fazer da mesma forma que se faria com um homem. Um tapa aberto é justificável se todas as alternativas falharam e houve alertas suficientes”, sugeriu o escocês, durante sua época de galã dos filmes de James Bond

Foto: USA Today
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A morte do ator escocês Sean Connery, neste sábado (31), causou grande comoção em todo o mundo, entre os fãs dos muitos sucessos cinematográficos do artista, que tinha 90 anos e uma carreira de mais de 50 anos.

Porém, tampouco apareceram aqueles que aproveitaram para recordar as polêmicas e passagens negativas da vida do artista, especialmente no que diz respeito a um tema bastante delicado, que é a apologia que Connery fez, diversas vezes, da violência contra a mulher.

Ao menos duas declarações suas a respeito desse tema repercutem até hoje. A primeira delas ocorreu em 1965, época em que Connery era o galã que protagonizava os filmes da série “007”, interpretando o agente secreto James Bond – ele foi o primeiro ator a viver o personagem no cinema.

Na ocasião, em uma entrevista para um jornal britânico, o ator escocês não teve problemas em revelar que já havia batido em mulheres, e justificou: “não penso que haja nada particularmente errado em bater em uma mulher, embora eu recomende não o fazer da mesma forma que se faria com um homem. Um tapa aberto é justificável se todas as alternativas falharam e houve alertas suficientes”.

Alguém poderia pensar que foi um lapso, mas 20 anos depois, Connery foi inclusive mais incisivo nessa opinião, ao ser questionado pela entrevistadora Barbara Walters, em um programa de televisão. “Não penso que é tão ruim, penso que depende inteiramente das circunstâncias, se há merecimento. Se você tentou tudo antes – e mulheres são muito boas nisso – e elas não querem deixar quieto e têm que dar a última palavra, então você dá a última palavra a elas. Mas se elas não ficam satisfeitas mesmo assim e querem levar o assunto de forma provocativa… Então, penso que é absolutamente correto”.

A vida amorosa do ator confirma que esse machismo não ficava só nas palavras. Sean Connery se casou em 1962 com a atriz australiana Diane Cilento, união que durou apenas 11 anos. Em 2006, mais de 30 anos após o divórcio, Cilento contou que ele era “um péssimo marido”, e que sofreu violência física e psicológica durante a vida que tiveram juntos.

Em 1975, Connery se casou com Michelline Roquebrune, com quem viveu até o fim de sua vida, apesar de alguns escândalos extraconjugais, como o caso que teve com a cantora Lyndey de Paul, no final dos Anos 80, que não levaram à separação do casal – Michelline afirmou em mais de uma entrevista que aquela situação a lastimou muito.