Os cinco roteiristas da série dirigida por José Padilha sobre a vereadora Marielle Franco, assassinada em 2018 no Rio de Janeiro, pediram demissão coletiva esta semana. De acordo com a coluna de Ancelmo Gois, no jornal O Globo, a decisão dos roteiristas ocorreu por “divergências na condução da narrativa sobre a vida da vereadora”.
A escolha de José Padilha como diretor da série culminou em diversas críticas e acusações de racismo. A agência de jornalismo Alma Preta, especializada na temática racial no Brasil, produziu uma nota de repúdio contra a escolha de Padilha, premiado diretor de "Tropa de Elite". O texto diz que ele "deu e dá ferramentas simbólicas para a construção do fascismo e genocídio da juventude negra no país".
Padilha também dirigiu a série O Mecanismo, que contou a história da Lava Jato de um ponto de vista parcial, de direita. Além disso, para justificar a escolha de Padilha, Antonia Pellegrino, idealizadora da série sobre a vereadora, lamentou não ter “um Spike Lee” no Brasil. Pelo Twitter, ela ainda reforçou a tese, o que gerou indignação nas redes.
Com as críticas, a Globo e a Antifa Filmes, responsáveis pela produção, decidiram escalar diretores e roteiristas negros para a série. O grupo estava trabalhando desde abril na produção, prevista para ir ao ar em 2021, pela Globoplay.
A notícia sobre a demissão coletiva foi compartilhada nas redes sociais pela irmã da vereadora, Anielle Franco.