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Criado por iniciativa do Nonada, veículo de jornalismo cultural de Porto Alegre, em parceria com o Riobaldo Conteúdo Cultural, o Observatório da Censura à Arte se propõe a fazer uma lista de expressões artísticas censuradas no Brasil desde o episódio do Queermuseu, exposição cancelada na capital gaúcha após manifestação do MBL, em 2017.
O Observatório se apresenta como um projeto de cunho jornalístico que busca "mapear os casos de censura às expressões artísticas no Brasil desde o episódio do Queermuseu, escolhido aqui como marco devido à repercussão emblemática". O projeto se inspira no Observatório de Comunicação, Liberdade de Expressão e Censura da USP, coordenado pela socióloga Maria Cristina Castilho Costa.
A exposição do Queermuseu trazia obras de arte sobre questões ligadas à sexualidade e ao universo LGBT e estava em cartaz no Santander Cultural de Porto Alegre até o MBL decidir se mobilizar contra a mostra e o centro cultural aderir às reivindicações, sem consultar o curador. O projeto foi levado a outras cidades, como o Rio de Janeiro, comandado por Marcello Crivella, e também foi alvo de ataques.
Desde setembro de 2017 até setembro deste ano, já foram registrados 29 episódios de censura em 14 estados brasileiros, sendo 15 apenas no segundo semestre de 2019. Entre os mais recentes estão os shows de B Negão, Linn da Quebrada e Gustavo Mendes, o edital com filmes LGBT derrubado por Bolsonaro, a Bienal do Livro do Rio de Janeiro e a exposição de charges da Câmara de Vereadores de Porto Alegre.
Também aparecem entre os últimos casos os espetáculos “Res Publica 2023”, cancelado pela Funarte em São Paulo, e Abrazo, cancelado pela Caixa Cultural de Recife; a 3ª Mostra do Filme Marginal, que recebeu vetos do Centro Cultural da Justiça Federal no Rio de Janeiro; e a exposição Dança das Cadeiras, que teve uma obra censurada pelo shopping Ponteio, de Belo Horizonte.
O caso do filme "Chico: artista brasileiro" chegou a ser incluído na lista, mas foi retirado para "checagem de informações". Apesar do diretor do longa dizer que houve censura, o Itamaraty argumenta que foi feita apenas uma "sugestão".