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O fotógrafo e artista negro de Juiz de Fora (MG), João Victor Medeiros, tenta, pela segunda vez, expor seu trabalho "Feira é livre" na The Other Art Fair, em Chicago. Ele foi selecionado para a edição deste ano do evento que acontece desde 2011 em várias cidades do mundo e que reúne artistas emergentes fora do circuito de arte tradicional.
O projeto "Feira é Livre" teve início em junho de 2017 na feira de São Joaquim, em Salvador (BA), a partir da vontade do artista, para além de registrar esse tipo de ambiente, de entender como se dá o surgimento e a manutenção de cidades em torno das feiras.
O conceito fotográfico de Medeiros, que procura retratar as pessoas com dignidade, segundo o próprio artista, é inspirado em uma frase do fotógrafo carioca JR Ripper, que conheceu através da uma oficina: "Quero que as pessoas queiram bem aos meus fotografados".
[caption id="" align="alignright" width="422"] (Foto: João Victor - Projeto Feira é Livre)[/caption]
A tradicional Feira de São Joaquim tem cerca de 35 mil m² e fica situada no bairro do Comércio. É conhecida devido aos preços acessíveis e sua diversidade de produtos, sendo vital tanto para a sobrevivência de diversas famílias como também para o reforço da cultura baiana na cidade de Salvador. Trata-se do principal centro distribuidor dos artesanatos de barro, cuscuzeiros, potes produzidos no recôncavo baiano e venda de produtos para rituais religiosos.
O fotógrafo propõe uma reflexão sobre a sobrevivência orgânica das feiras livres no Brasil e documenta a resistência dos trabalhadores destes locais a partir de um olhar humanista que busca o elo entre espectador e fotografado.
"A oportunidade de expor esse trabalho surgiu em 2018, na primeira edição da The Other Art Fair em Chicago. Na época não consegui arrecadar todo o valor a tempo, mas as organizadoras gostaram tanto do meu trabalho que ofereceram uma segunda oportunidade em maio de 2019", explica Medeiros.
Para viabilizar a viagem a Chicago e expor suas fotografias, o artista lançou uma campanha de financiamento coletivo na internet. O valor arrecadado custeará documentação, passagens, impressão em alta qualidade e emolduramento de suas obras, além do valor do stand de exposição, incluindo design e iluminação.
"A minha ida para a essa feira de arte significa uma importante oportunidade para um artista negro e brasileiro em início de carreira apresentar um pouco da qualidade artística de nosso país, como muitos e muitas têm feito até aqui, e estar sob os olhos de um público atento aos novos movimentos no circuito artístico mundial, assim, inserindo-me cada vez mais no mercado da arte", pontua.
A "vaquinha online" tem como meta o valor de R$13.500, com valores disponíveis para doação a partir de R$ 10,00, até R$ 1000,00, ou mais. Todos os doadores receberão recompensas, dentre elas, fotografias da exposição. Para estar presente em Chicago, João Victor Medeiros precisa arrecadar todo o montante até o dia 17 de março.
Criado em feiras, acompanhando seu pai que trazia e vendia produtos do Paraguai para o sustento de sua família, Medeiros usa sua vivência, memória e afeto nas fotografias e constata: "Essa não é apenas a história da Feira de São Joaquim, mas também de outras ao redor do Brasil".
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