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Por Lwiza Gannibal
O livro “Negras de lá, Negras daqui” traz à baila o aspecto mais importante da formação da identidade em África: o relacional. E leva essa noção a um nível intercontinental, uma vez que une mulheres negras da diáspora e do continente em uma só obra, promovendo o diálogo entre perspectivas que, a despeito de unidas pela ancestralidade comum, estão inexoravelmente distantes no espaço.
Herdeiras dos males da colonização e da escravidão que, de uma forma ou de outra, aflige a memória dos africanos e de seus descendentes, causando rupturas de toda sorte, essas mulheres são impelidas, assim, a reivindicar o que possuem de mais essencial: sua africanidade. Mas como fazê-lo em um mundo sabidamente hostil ao ser negro e feminino?
Eis a poesia: rebento da inspiração que faz da poetiza o veículo de um ânimo ancestral. A mulher negra fala por si, mas fala também pelas inúmeras mulheres negras que a precederam e foram silenciadas.
Tula Pilar, Patrícia Ashanti, Tata Alves e Lívia Prado, do Brasil. Helena Dias e Tuekiava, de Angola. E Melita Matsinhe e Eliana Zualo, de Moçambique, são, portanto, as mulheres que compõem a Antologia Internacional de Escritoras Negras África-Brasil “Negras de lá, Negras daqui”, que terá seu lançamento no Aparelha Luzia, no Centro Cultural Santo Amaro e na Casa das Rosas, em São Paulo.
Um precioso encontro que evoca signos de uma resistência coletiva. Uma oportunidade de reaver as afinidades compartilhadas no trânsito dos séculos; de reafirmar a negritude da pele, dos traços, da alma parida em África, através da linguagem poética.
Uma celebração da mulher negra, pan-africana, que, como a Mãe-África, de cujo ventre nasceram tantos povos e tradições, dão à luz poemas que perfazem, em conjunto, um retrilhar identitário.
Serviço:
Lançamento do Livro “Negras de lá, Negras daqui”
Aparelha Luzia:
Sexta feira, 22/02, às 20 horas.
Centro Cultural Santo Amaro:
Sábado, 23/02, às 18 horas.
Casa das Rosas:
Quinta-feira, 28/02, às 18 horas.
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