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A novela Bom Sucesso, do horário das 19h, da TV Globo, tem dois núcleos. Um é no bairro de Bonsucesso, Zona Norte do Rio de Janeiro, onde, é óbvio, vivem os pobres. O outro se passa na Zona Sul, em diversos bairros. Os dois mundos se encontram, se chocam e assim segue a trama.
No capítulo desta terça-feira (26), a personagem de Carla Cristina Cardoso, a simpática Lulu, foi vítima de racismo por parte de uma funcionária de um bufê em uma loja de roupas com o irônico nome de “Chic”. A funcionária a mandou fazer a faxina do banheiro e, percebendo a gafe, pediu desculpas. Indignada, Lulu respondeu:
“Só desculpo depois que a bonita explicar por que achou que eu era faxineira. Comprei até roupa nova pra vir nesse evento, minha filha! Agora eu quero saber. Você me confundiu porque eu tô vestindo preto ou porque eu sou preta?”, perguntou.
As pessoas no entorno da cena contemporizaram. A opinião geral era a de que a moça já havia se desculpado, portanto o caso estava superado. Mesmo assim, Lulu resolveu se retirar ofendida. E só não o fez por ter sido abordada e extremamente bem tratada pelo personagem de Antônio Fagundes, o Alberto, recém-chegado, central na trama e dono do evento onde tudo aconteceu.
O capítulo terminou sem uma conclusão e ainda há tempo da emissora realizar melhor o desfecho da cena. Não haverá processo? Vai ficar tudo por isso mesmo? A funcionária sequer será despedida? A imprensa presente ao local não fará matéria?
Se nada disso acontecer, a pergunta que sobra é: qual a necessidade de se mostrar uma cena assim? Apaziguar o racismo? Mostrar a milhões de brasileiros que o que se deve mesmo, num caso desses, é deixar tudo pra lá diante de meras desculpas?
Do contrário, que a Globo leve tudo até o fim como de fato foi, ou seja, um caso de discriminação e racismo indesculpável. Uma atitude que deve ser punida, no mínimo com a perda do emprego, no máximo com um processo na Justiça. Isto tudo sem contar a loja e os realizadores do evento, que devem responder também, por permitir que algo assim aconteça.
Aguardamos, portanto, o desfecho.