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A cantora inglesa Amy Winehouse se foi há sete anos, de forma trágica, vítima, de acordo com laudo atestado apenas em 2013, de ingestão excessiva de bebidas alcoólicas. Tanto a morte quanto a vida da cantora foram deveras tumultuadas e repletas de assuntos para os tabloides britânicos.
O fundamental, no entanto, é que ela nos deixou ao menos uma obra-prima nestes tempos tão repletos de mesmices e repetições em série, o album “Back to Black”. O lançamento se notabilizou pelo mega-hit “Rehab”, onde a cantora relata e, de certa forma, faz chiste com a sua condição de usuária impulsiva de drogas e álcool.
A voz de contralto extremamente afinada, cheia de ritmo e muito marcante passeia por várias outras canções muito bem construídas e completamente alheias ao que explodia nas paradas da época. O som de Amy é uma mistura ácida de rhythm and blues (R&B), jazz e pop, com a marca fundamental da sua banda, a Dap-Kings, que também já foi o grupo de apoio da excelente cantora americana Sharon Jones, morta em 2016.
Sharon Jones
Jones vale um parágrafo à parte. Com vários discos gravados, a diva do soul e do funk nunca teve o mesmo reconhecimento da Amy, mas deixou discos fundamentais, como “I Learned the Hard Way”, de 2010 e “100 Days, 100 Nights”, de 2007, entre muitos outros. A pergunta que todos repetem ao tomar contato pela primeira vez com a música de Sharon Jones é: ‘como não ouvi isso antes?’. Vale procurar.
Back to Black
De volta à Amy e ao seu álbum “Back to Black”, é notável que uma pessoa tão jovem – Amy se foi aos 27 anos – tenha deixado obra tão madura, singular e expressiva. O disco é uma sucessão de excelentes canções, todas com a sua assinatura, arranjos inusitados e extremamente bem executados e, é claro, a voz majestosa de sua protagonista à frente.
Canções como “You know, i’m no good”, com interpretação pungente, o entra e saí de instrumentos, o equilíbrio do arranjo, tudo colabora para uma atmosfera forte e até então nova. Um som que acabou por influenciar alguns dos melhores cantores que vieram depois, como Lady Gaga, Adele e Bruno Mars.
Com um pé fincado na tradição e uma exposição musical absolutamente moderna, Amy foi, de longe, o que de melhor apareceu no pop contemporâneo desde muito tempo.“Back to Black” foi eleito pela crítica como o melhor de 2007. Além disso, ela abocanhou cinco Grammys naquele ano, sendo a primeira cantora britânica e realizar este feito.
O disco também foi sucesso de público, alcançando vários primeiros lugares em paradas de diversas partes do mundo. O feito se repetiu com a sua morte, em 2011.
Amy Winehouse é daqueles artistas que surgem raramente e ficam marcados para sempre na história do mercado fonográfico. A sua morte, que nesta segunda-feira (23) completa sete anos, interrompeu uma carreira inimaginável. Uma aliança rara de sucesso, talento e honestidade artística.