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O Festival de Teatro de Curitiba, mais importante e maior festival de artes cênicas do Brasil, resolveu encarar de frente a onda conservadora e chega a sua 27ª edição entre 27 de março e 8 de abril de 2018 sem medo de polêmica.
Prova disso é o espetáculo inédito “Domínio Público”, que integra a programação com mais de 400 atrações que promete fazer a capital paranaense respirar arte em mais de 90 espaços durante os 13 dias de evento.
[caption id="attachment_117376" align="alignnone" width="1600"] A atriz Renata Carvalho como Jesus Trans, no espetáculo “O Evangelho Segundo Jesus – Rainha do Céu". Foto: Divulgação[/caption]
O espetáculo, uma das coproduções do festival, é definido pelos curadores Marcio Abreu e Guilherme Weber como “uma peça criada para refletir a onda de conservadorismo e intolerância que assolou o Brasil no ano de 2017”.
Para isso, eles convocaram artistas que foram notícia no ano passado para atuar na peça “criada e performada por artistas cujas obras e ações estiveram envolvidas em diferentes episódios de ataque e censura”.
Estarão juntos em cena Wagner Schwartz, artista que fez a polêmica performance “La Bête” com nudez no MAM, em São Paulo; Elizabeth Finger, a artista e mãe da menina que tocou o corpo de Schwartz nu no MAM; Renata Carvalho, atriz travesti que foi censurada na Justiça por viver Jesus na peça “O Evangelho Segundo Jesus – Rainha do Céu”; e Maikon K, artista que foi preso pela Polícia Militar do Distrito Federal enquanto realizava uma performance com nudez em Brasília.
[caption id="" align="alignnone" width="800"] Maikon K, que foi preso em Brasília durante uma apresentação artística, também está em “Domínio Público” no Festival de Curitiba – Foto: Victor Takayama/Divulgação[/caption]
“Domínio Público é também um estudo sobre o Brasil de hoje. Os artistas que passaram a ser conhecidos popularmente como o homem nú do MAM (Wagner Schwartz), a travesti que interpreta Jesus (Renata Carvalho), o homem nú da bolha (Maikon K) e a mãe que permitiu que sua filha tocasse o homem nu (Elizabeth Finger) refletem sobre fake news, o papel da mídia, os robôs e as mensagens de ódio, Estado e religião, arte e sexo como uma resposta pública ao momento virulento que o Brasil enfrenta”, falam Abreu e Weber, que assinam a curadoria do Festival de Curitiba pelo terceiro ano consecutivo.
Idealizador e diretor do Festival de Curitiba, o produtor cultural Leandro Knopfholz diz que “Domínio Público” respeita a trajetória do festival, que sempre discutiu assuntos pertinentes da sociedade brasileira nos palcos ao longo de todas as suas edições.
“Coproduzir espetáculos é sempre um desafio a mais ao se fazer um evento do porte do Festival de Curitiba, que envolve pessoas e propostas variadas. E contribuir para estimular reflexões sobre temas relevantes para a sociedade brasileira, por meio das artes e da cultura, traz uma importância a mais para o trabalho realizado por toda a equipe do Festival ao longo de suas 27 edições”, declara com exclusividade Knopfholz ao Blog do Arcanjo no UOL.
Com informações do Blog do Arcanjo