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Em 2017, tivemos perdas inestimáveis, como Luiz Melodia, Belchior, Almir Guineto, Chuck Berry, Fats Domino, Al Jarreau e Tom Petty. Mas, por outro lado e para quem quiser comemorar, tivemos grandes vitórias, como a canção “Vai Malandra”, de Anitta, que foi a primeira em português a ficar entre as 20 mais tocadas do Spotify
Por Julinho Bittencourt
Tudo bem, nada se compara a 2016. Naquele ano, parece que o criador resolveu pegar de volta algumas das suas melhores criaturas do mundo da música. Lá se foram David Bowie, Leonard Cohen, Prince, Pierre Boulez, Otis Clay, Severino Filho, George Martin, Nana Vasconcelos, Keith Emerson entre vários outros.
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Desta vez, a fúria do divino parece ter sido um tantinho controlada. Mas, mesmo assim, se foram muitos e significativos artistas. Entre eles, o definitivo inventor do rock and roll Chuck Berry, o cantor e pianista Fats Domino e Al Jarreau, pra dizer o mínimo.
Se foram também Chester Bennington, o cantor da banda Linkin Park e o super-compositor e band leader do Heartbreacks, Tom Petty.
O Brasil, por sua vez, teve que enfrentar a terrível e insubstituível perda de Belchior. O poderoso bardo cearense, um dos grandes poetas da nossa música, vivia recluso há anos, não gravava e nem lançava nada, mas suas canções nunca deixaram de ser executadas e lembradas. A sua morte parou o Brasil e, particularmente, Fortaleza, onde ele foi enterrado.
Por outro lado, outra perda inestimável foi a do negro gato, Luiz Melodia. Cantor e compositor único, inventor de mistura explosiva e original de samba, funk e blues, Melodia nos deixou em agosto, depois de lutar contra o câncer.
E, por falar em samba, outra perda inestimável foi a do cantor e compositor Almir Guineto, um dos bambas da geração de ouro do samba carioca, fundador do grupo Fundo de Quintal, formado dentro do Cacique de Ramos.
Já o rock and roll brazuca, por sua vez, perdeu o guitarrista da banda Camisa de Vênus, Karl Franz Hummel e o cantor, agitador cultural e produtor Antônio Carlos Senefonte, conhecido por todos como Kid Vinil.
Perdemos também, e de maneira trágica, a cantora do grupo Kaoma, Loalwa Braz, encontrada morta dentro de um carro incendiado.
Se foram também, para a dor dos mais velhos e saudosos, o cantor da Jovem Guarda Jerry Adriani e o precursor da música caipira Zé da Estrada.
Mas nem tudo foram tragédias e perdas em 2017. Para quem quiser e puder comemorar, este foi o primeiro ano em que uma canção em português e, particularmente, brasileira chega entre os vinte primeiros lugares da plataforma de música por demanda Spotify. Trata-se de “Vai Malandra” – assim mesmo sem vírgula, da cantora Anitta, a artista da música mais bem sucedida do ano.
A despeito disso, temos também a comemorar os discos dos craques veteranos Chico Buarque, absoluto mais uma vez com “Caravanas” e João Bosco, com o lindo “Mano que Zuera”, assim também, enigmaticamente sem vírgula.
Enfim, lá se foi 2017, ano em que parecem ter se consolidado definitivamente as plataformas por demanda. Vivemos, enfim, uma mudança extremamente rápida de paradigmas.
Resta esperar pelas grandes transformações musicais.