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Casa de espetáculos do Rio de Janeiro, fundada em 1928, deve R$ 3 milhões de aluguel para a Ordem Terceira do Carmo e tem 15 dias para deixar o imóvel na Praça Tiradentes.
Da Redação
Uma das casa de espetáculos mais tradicionais do Rio de Janeiro pode estar com seus dias contados. A Gafieira Estudantina, fundada em 1928, recebeu ordem de despejo do imóvel que ocupa na Praça Tiradentes, desde 1942. É em função de uma dívida de R$ 3 milhões de aluguel com a Ordem Terceira do Carmo. A decisão é 28ª Vara Cível do Rio e A Estudantina, que recebeu prazo de 15 dias para sair de lá, recorreu da decisão. As informações foram publicadas na coluna do Ancelmo Góis, de O Globo.
Na pista da Estudantina Musical os passos do samba de gafieira no famoso reduto da dança carioca, tombado pelo Instituto Rio Patrimônio Histórico (IRPH) em 2012, tem sido palco de shows de samba e forró da melhor qualidade, junto de seus bailes que consagraram o lugar, fundado há 89 anos. A gafieira já foi usada como cenário de novelas da Globo e ficou nacionalmente conhecida como um local imaginário e fictício, produto de criação da novelista e escritora Glória Perez, em Caminho das Índias, O Clone, América, De Corpo e Alma e Barriga de Aluguel. Glória é madrinha da casa. Atualmente, é uma das atrações da novela A Força do Querer.
Situada em uma região revitalizada do Centro Histórico, a casa de dança, que recebeu da prefeitura o título de Patrimônio Cultural Carioca, destaca-se por seus anos de história e resistência cultural. A gafieira foi fundada em 1928, no bairro do Flamengo, por Manoel Gomes Matário e Pedro, um estudante de Direito, daí o nome Estudantina. Anos mais tarde, foi transferida para o Catete, onde ficou até a década de 1940. Em 1942, a casa se instalou na Praça Tiradentes que era, na época, o grande reduto do teatro de revista, por onde desfilavam vedetes, bailarinos, atrizes, coreo?grafos, enfim, todos os envolvidos nesse tipo de espetáculo, então chamado de “teatro rebolado”.
Já na década de 1970, a Estudantina foi recriada por Isidro Page Fernandez, seu atual proprietário. Naquela época, surgiu no cenário cultural a professora de dança Maria Antonietta Guaycuru?s de Souza que, a partir da reinauguração da Estudantina, em 1978, passou a dar aulas e a atrair amantes da dança de salão, tornando-se uma espécie de promotora de eventos da gafieira, que posteriormente a eternizou batizando o salão principal com o seu nome.
Repaginada e intitulada Gafieira Estudantina Musical, a casa oferece uma programação com música ao vivo autenticamente brasileira, que atrai um público versátil para as atrações diárias que incluem, desde os tradicionais bailes de gafieira, aos sábados, aos bailes de forró que levam cerca de 400 jovens para dançar, às terças-feiras. Às quintas, às 20 horas, uma roda de samba de raiz toma conta da casa com homenagem a grandes personalidades dos 100 anos do samba. Nas outras noites, o show Ginga Tropical apresenta o melhor da cultura musical brasileira. O despejo da Estudantina é mais um golpe na tradição cultural brasileira, mais especificamente do Rio de Janeiro.
Foto: Onofre Luis/Divulgação