Sérgio Vaz, o poeta sonhador da quebrada, completa 25 anos de carreira

O escritor que inaugurou um movimento cultural nas periferias paulistanas celebra sua trajetória e reafirma seu compromisso com a militância pelas “quebradas”: “Se o opressor leu, o oprimido tem que ler também”

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O escritor que inaugurou um movimento cultural nas periferias paulistanas celebra sua trajetória e reafirma seu compromisso com a militância pelas “quebradas”: “Se o opressor leu, o oprimido tem que ler também” Por Igor Carvalho Sérgio Vaz é do tempo em que ninguém ouvia o soluçar de dor em seu canto no Brasil. Do seu verso de revolta fez nascer, com o poeta Marco Pezão, a Cooperifa, que inaugurou um dos movimentos culturais e sociais mais ativos e importantes das periferias de São Paulo, os saraus. Completando, em 2014, 25 anos de carreira, Sérgio Vaz fez cumprir a profecia de Paulo César Pinheiro e Mauro Duarte em “Canto das Três Raças”, que diz: “De guerra em paz, de paz em guerra / Todo o povo dessa terra / Quando pode cantar, canta de dor”. O canto triste de Sérgio Vaz é denúncia de uma periferia que luta contra o genocídio da população negra e jovem, que pede espaços culturais em vez de delegacias e unidades da Fundação Casa, que grita por dignidade, que insiste em formar leitores e que constrói “a Primavera de Praga da periferia”, como o poeta define os últimos dez anos de agitação cultural nas “quebradas”. Este paulistano de Minas Gerais – “não fala que sou mineiro que eu fico bravo” – gosta de repetir que se soa triste, em sua obra, é por que ele é triste. “Tenho uma tristeza que me visita até nos dias de alegria”. Mas que esse sentimento não se confunda com ceticismo. “Antes, deixa eu só esclarecer uma coisa: não sou pessimista, sou realista”, diz o poeta, com a convicção de quem visita becos e vielas da zona sul de São Paulo há 45 anos. Ao todo, é autor de sete livros que venderam, somados, 30 mil exemplares. A obra do poeta o levou a seis países, para participar de feiras literárias e congressos. Das viagens, internacionais ou não, Vaz sempre traz reproduções de Dom Quixote, o personagem central da obra homônima de Miguel de Cervantes. “Esse livro salvou minha vida”, diz o poeta, que já possui mais de 30 reproduções do herói da literatura espanhola, entre elas, uma de 2 metros, instalada no quintal de sua casa. Sobre a Cooperifa e seu tradicional sarau organizado no bar do Zé Batidão toda semana, Vaz se derrama. “É por isso que vale a pena estar vivo. Depois de cada quarta-feira, eu percebo que a vida, ainda que fútil e dolorida, é um milagre.” [caption id="attachment_47255" align="alignleft" width="300"]SV4 Hoje, um moleque, na quebrada, que tem uma noção artística, vai tocar violão, vai para o sarau, vai cantar um rap, mas e nos anos 70, em que você só seria um jogador de futebol ou trabalharia na metalúrgica? (Foto: Anna Beatriz Anjos)[/caption] Fórum - O livro "Dom Quixote" é tua maior referência literária. Fazendo uma analogia com o personagem central e pensando nos 25 anos de tua carreira, quais foram os moinhos do Sérgio Vaz? Sérgio Vaz – O moinho maior foi o seguinte: Meu pai veio morar em São Paulo, antigamente era assim, primeiro vinha o pai, arrumava emprego e depois trazia a família. Bom, quando cheguei aqui tinha quatro anos, sou paulistano, não fala que sou mineiro que eu fico bravo, viemos morar em um cortiço aqui no Parque Santo Antônio (zona sul de São Paulo). Meu pai trouxe o hábito da leitura, ele era um homem que gostava de ler e passou isso para mim. Logo em seguida meus pais se separaram, numa época em que os pais não se separavam de jeito nenhum. Fiquei muito introspectivo com isso e meu pai começou a me dar livros pra ler. Mas olha quantos moinhos: nasci no Vale do Mucuri, perto do Vale do Jequitinhonha, que é um dos lugares mais pobres do mundo, meu pai, pobre, veio pra cá lutar, os pais separam, você mora na periferia de São Paulo nos anos 70. Mas olha, na minha casa nunca faltou comida e livro. Com 13 anos, gostava de ler mas não gostava de poesia, achava que era coisas de fresco e de maluco, esse povo que acorda e dá bom dia para o sol, abraça árvore [risos]. Já mais crescido, eu era o cara dos bailes blacks e jogador da várzea, jogava bola em time de favela, não ia pegar bem gostar de poesia, se é que você me entende [risos]. Bom, em 1983 vou servir o exército. Era ditadura militar e eu nem sabia que a gente vivia na ditadura militar, olha isso, vivia em Macondo [alusão a vila imaginada por Gabriel Garcia Marquez em Cem Anos Solidão], isolado, a periferia era nosso país, não saíamos daqui pra nada. Quando você é pobre, só descobre que foi triste na infância quando fica mais velho, porque o jovem é feliz em qualquer circunstância, nos escombros do Haiti o moleque consegue ser feliz. Bom, já no exército começo a me interessar por música popular brasileira e me afasto da black music, tinha algo naquelas músicas. Aí descobri as metáforas. Um dia, eu estava na cozinha do exército ouvindo uma música do Geraldo Vandré, na voz da Simone, “Pra não dizer que não falei das flores” e cantando alto, dentro do quartel. Eu nem sabia o que significava aquela porra. Entra o sargento: “Filho da puta, mocorondo, isso é música de Che Guevara, comunista”. Fiquei olhando e me interessei, pensei: ‘Caralho, mano, tudo isso dentro de uma música só?’. A partir daí começo a me politizar pra valer, descubro o Lorca, que lutou contra a ditadura do Franco, e a poesia vira uma paixão. Aí descubro que a poesia não era só pra ganhar mulher. Nesse momento caiu na minha mão o livro 1968, o ano que não terminou do Zuenir Ventura. Malandro, saí do quartel e estava pronto para seguir Lamarca. Ali eu me torno poeta. Tem uma frase do Ferreira Gullar, em um disco do Milton [Nascimento] em que ele diz: “O canto não deve ser uma traição à vida. Só é justo cantar, quando seu canto arrasta consigo pessoas e coisas que não têm voz”. Pronto, eu queria escrever sobre isso, sobre liberdade. Descobri que queria ser poeta, e como ser poeta é uma construção, comecei a me preparar para isso. Fórum – Uma vez, você reclamou: “Em toda entrevista que vou tenho que falar de periferia, de sangue, violência, PCC, rolezinho, e nunca consigo falar do quanto eu gosto do Carlos Drummond de Andrade, do Neruda, do Lorca, da Cecília Meireles”. Fala agora. Sérgio Vaz – Quando entra o Dom Quixote na minha vida, jogava futebol e me achava um cara estranho. Hoje, um moleque, na quebrada, que tem uma noção artística, vai tocar violão, vai para o sarau, vai cantar um rap, mas e nos anos 70, em que você só seria um jogador de futebol ou trabalharia na metalúrgica? Só existiam essas duas opções, mas você gosta de literatura em um meio que ninguém gosta de literatura. Imagina, você joga no meio da malandragem, aí está esperando o contra-ataque e cutuca o zagueiro: “Então meu, leu o último do Jorge Amado?”. Pô, eu era muito estranho, muito apaixonado por literatura, aí caiu o “Dom Quixote” na minha mão, e esse livrou salvou minha vida. Terminei o livro e constatei que eu era um sonhador, e não tem nenhum problema em ser um sonhador. Fórum – Incomoda, em algum momento, quando vão falar de você e é o escritor marginal, o periférico, o divergente... Sérgio Vaz – Adoro isso. A periferia é a maioria, mano, sou o poeta da maioria, podem colocar na estante da livraria, “poeta da periferia”. Sou da periferia, assumo isso. Se eu fosse “poeta da classe média” seria chato, menor, teria menos gente me lendo. Sempre vi dragões em lugar de moinhos de vento, encontrei a felicidade quando encontrei a poesia, era pobre, da periferia, sonhador pra caralho, a poesia me possibilitou continuar sonhando nesse ambiente. Fórum – Quais escritores mas te influenciaram? Sérgio Vaz – Pablo Neruda com certeza, não vou nem falar o Gullar porque depois ele virou outra coisa, os textos dele de hoje, nossa, enfim... Miguel de Cervantes, Julio Córtazar, Vargas Llosa, Gabriel Garcia Marquez, os latinos mesmo. Fórum – Quando você lê esses latinos, enxerga as mesmas periferias e os mesmos problemas sociais que você vive e vê? Sérgio Vaz – É a mesma coisa. No começo do livro Cem anos de solidão, os Buendías são tratados como loucos e fazem o quê? Vão fundar outro bairro, vão ocupar uma outra área, o que é isso? Periferia. Aí, é o mesmo sofrimento. Fórum – Em alguns poemas seus, a construção lembra uma música de rap. Qual a importância desse gênero na sua trajetória? Sérgio Vaz – Tenho gratidão pelo rap. Lá atrás, com o pseudo fim da ditadura, os caras da MPB param de falar de problemas sociais, parece que tudo ficou bom só por que não tem mais um militar no poder. Nesse momento, escuto Racionais MCs cantando “Fim de semana no parque”. A MPB não fazia mais efeito. Quando escuto “Fim de semana no parque”, falando do Parque Santo Antônio, que é o bairro que eu moro, só quem falava da gente era o Gil Gomes e o Afanázio. Porra, então eu estava à toa na vida, vendo a banda passar, e não percebi esses caras? Reposiciono, então, minha poesia e meu interesse, começo a seguir o hip hop, parei de ir ver show do Chico e do Caetano. O rap deu o gripo de independência da periferia. São eles que vão começar a falar de Malcom X, de Martin Luther King e de Steve Biko. “Dia de luz, fesa do sol, um barquinho a deslizar, no macio azul do mar”, que lindo né? Mas essa era a vista da janela deles, não a nossa. Aqui, quando se abre a janela, eu vejo o que o Gog e os Racionais falavam. Fórum – Aí vem seu primeiro livro. Sérgio Vaz – Sim, em 1988 lanço Subindo a ladeira mora a noite, meu primeiro livro. Com o livro eu começo a me posicionar culturalmente na periferia, porque eu ia no Bixiga [região central e boêmia de São Paulo] para ter cultura, comecei a mexer na geografia da cultura na minha cabeça, comecei a falar com os meus daqui, como Fela Kuti. Entendi, então, que quem queria me ouvir estava aqui, na minha rua, na minha quebrada. Começou, aí, a nascer a mentalidade Cooperifa na minha cabeça. Quando eu ia para o centro, já ia com outro olhar, comecei a ver que as pessoas eram todas brancas, de classe média, eu não era nada disso. Aí começo a ser um engajado periférico descarado. Fórum – Você tinha trabalhos paralelos nessa época, ainda? Sérgio Vaz – Sim, trabalhei em banco, fui vendedor, auxiliar de escritório, assessor parlamentar em Taboão da Serra. E, sabe, isso era uma loucura na minha cabeça, porque eu queria me dedicar à escrita, eu queria viver da arte e não podia. Essa casa aqui que estamos, eu comprei faz três anos só. Fórum – Há três elementos muito fortes em sua poesia, a ironia, a metáfora ou o trocadilho. Sérgio Vaz – Gosto mais da ironia. Ela bate no cara e o cara gosta. Ele dá risada. Você faz a ironia e o cara não entende nada, é como o sistema faz com a gente. As metáforas, nos dias de hoje, não caem tão bem, vivemos um momento em que as questões devem estar colocadas mais às claras, vivemos um outro tipo de censura que vivemos. [caption id="attachment_47256" align="alignright" width="225"]SV5 "A periferia é a maioria, mano, sou o poeta da maioria, podem colocar na estante da livraria, 'poeta da periferia'. Sou da periferia, assumo isso" (Foto: Anna Beatriz Anjos)[/caption] Sérgio Vaz – Eu não sou feliz. Tenho uma tristeza que me visita até nos dias de alegria. Tenho meus momentos de alegria e de euforia, mas é engraçado, não consigo ser feliz. Não nasci pra ser feliz. Fico feliz no boteco com os chegados ou na várzea. Fórum – Por que? Sérgio Vaz – Eu vendo alegria, os poetas vendem alegria, mas sou triste. Não sei se é o país, se são as pessoas, mas me sinto responsável por muita coisa. Outro dia, fui visitar uma favela aqui e entrei na casa do cara, um barraco de madeira, um rato no meio da sala, o esgoto passa no meio do barraco, saí de lá arrasado. Como ser feliz assim? Aí você bebe mano, porque o mundo sem álcool é foda. Não consigo ir no shopping comprar um tênis novo, me sinto mal. Aí gosto de livros tristes também. O [Ernest] Hemingway falava que para ser um bom escritor tem que ter tido uma infância triste, então estou pronto. Fórum – Tua infância foi ruim? Sérgio Vaz – Não, ela foi sem privilégios, mas foi rica. Fórum – Falando dessa tristeza, me lembro de “Jorginho”, que acho seu poema mais triste. Sérgio Vaz – É o mais triste mesmo. Antes deixa eu só esclarecer uma coisa, não sou pessimista, sou realista. Muito tempo atrás, acho que em 1999, estava em uma favela e visitei o barraco de uma senhora. Mano, mesmo dentro da favela, tem classe A, B e C. O barraco dela era classe C, muito debilitada a situação daquela família. Tinha uma vala que passava do lado do colchão, só merda. A dona do barraco estava grávida e tinha mais cinco filhos. Fiquei olhando pra barriga daquela mulher e pensando: “Se eu fosse esse moleque, me enforcava com o cordão umbilical”. O que esse moleque vai ter na vida, já tem mais quatro para dividir tudo aqui. Fórum – Você é disciplinado para ler e escrever? Sérgio Vaz – Começo a ler 6h, leio o jornal. Estava lendo Filho dos dias, do Eduardo Galeano, terminei hoje. Semana passada terminei O Filho eterno, do Cristovão Tezza. Mas ontem, inclusive, eu estava em Brasília, dando uma palestra, tinha 100 pessoas. Na sala ao lado, 100 mil pessoas vendo o Galeano na palestra dele. E eu me perguntando o que os caras estavam fazendo na minha, porque se eles fossem para a do Galeano eu também poderia ir [risos]. Fórum – Em “O machado, o talarico e a racha” você tira um sarro do Dom Casmurro, usando a oralidade da periferia. Qual a importância dessa oralidade no seu trabalho? Sérgio Vaz – Amo esse livro. Eu quis fazer uma brincadeira com esse lance da obrigatoriedade, da imposição de se ler determinados livros. Quando você lê Olhai os lírios do Campo ou Dom Casmurro com essa obrigação, não entende. Aí, decidi fazer uma versão que o intelectual não ia entender, coloquei tudo no nosso dialeto e ele que procure alguém da quebrada pra traduzir. Outro dia comecei a ler uma crônica do [Carlos Heitor] Cony, no jornal, e ele começa em alemão, caralho. Quer dizer, se você não entende alemão, não está no mesmo nível, então não serve para ser leitor dele. A oralidade ajuda na generosidade, você pode ler meu livro para alguém ouvir, ajuda na formação de público. Precisamos de mais gente lendo, e essas pessoas só vão ler se conseguirem se identificar com o que está sendo dito. Se eu começar um texto em alemão, não formo público, só reproduzo discurso. Fórum – Você se orgulha mais dos poetas que a Cooperifa formou ou dos leitores que a Cooperifa formou? Sérgio Vaz – Dos leitores. O meu trabalho, o trabalho da Cooperifa, é formar leitores. É um paradoxo maluco nosso tempo. Cada dia tem mais filmes, mas cada dia tem menos cinemas. Precisamos formar leitores, não adianta ter 100 livrarias se ninguém vai ler. O [Hugo] Chavez distribuiu um milhão de exemplares do “Dom Quixote”, é isso, tem que formar uma cultura de leitura. Se o opressor leu, o oprimido tem que ler também. Fórum – Você escreve crônicas. Em que momento a poesia deixou de bastar para o Sérgio Vaz? Você pensa em escrever um romance? Sérgio Vaz – A crônica surgiu a partir do blogue, a poesia é muito concisa, ela te cobra uma síntese que é cruel. Na crônica, eu posso dar opinião, e eu peguei gosto nisso. E eu sou fã, e me inspiro, no [Eduardo] Galeano e da Cecília Meirelles, escrevendo crônicas. Acho que é algo que vai caminhar comigo sempre, gosto das crônicas. Sempre quis escrever um romance, mas para isso teria que ser mais minucioso, sou muito ansioso, no meio do livro já ia dizer quem matou o cara, não daria certo. Sou um relaxado. Fórum – O que significa uma quarta-feira, dia do sarau da Cooperifa, na sua vida? Sérgio Vaz – Puta que pariu, você me pegou [longa pausa]. É por isso que vale a pena estar vivo. Depois de cada quarta-feira, eu percebo que a vida, ainda que fútil e dolorida, é um milagre. Fórum – A quarta-feira é dia de futebol na TV, o sarau da Cooperifa, inclusive, é no horário da novela, muita gente tem internet em casa. Do outro lado da cidade, o cinema é mais barato. Mesmo assim, toda quarta-feira, tem entre 200 e 300 pessoas ouvindo poesia na Cooperifa. Tem momentos que você se pega pensando nessas coisas durante o sarau? Sérgio Vaz – Tem, várias vezes. Caralho, mano, acho que é por isso que eu vim pra essa vida, sem brincadeira, vim para juntar gente. Uma das funções da Cooperifa é, também, refundar a amizade. As pessoas são obrigadas, ali, a sentar juntas, elas deve ficar em silêncio e contemplar. Em doze anos, nunca teve uma única briga. Fórum – Deus está muito presente na sua obra, sempre com ceticismo. Você acredita em Deus? Sérgio Vaz – Já chamei muito por Ele. Principalmente quando jovem, assustado com as coisas da vida. Aí chegou uma época da vida que cansei e falei: “Quer saber, Ele que vá tomar no cu dEle”. Deus que vá atender aos pedidos de quem Ele sempre atende, aqui Ele não vem mesmo. Então, assim, não me preocupo com nada em relação à religião, sou ateu mesmo e cada vez que caminho na rua, tenho mais certeza que Ele não existe. As pessoas estão provando que Ele não existe, porque se somos a imagem e semelhança de Deus, então estamos fodidos. Fórum – Neste ano, lembramos o centenário da Maria Carolina de Jesus... Sérgio Vaz – Primeira vida loca da história [risos]. Fórum – Você está com 49 anos, daqui mais meio século, como acha que será lembrado em seu centenário? Sérgio Vaz – Sou um poeta simples, de rua. Quero ser lembrado como um sonhador. Nada mais. Sou o poeta do amor, até para falar de uma causa, você precisa amar essa causa. Nunca escrevi contra, por que para escrever contra precisa ter ódio, escrevo a favor dos nossos. Talvez, também, eu seja um covarde, que decidiu escrever poemas para defender suas causas, porque se eu tivesse coragem faria uma revolução, ia pra rua de arma na mão. Foto de capa: Anna Beatriz Anjos