TRAGÉDIA SANITÁRIA

TCU denuncia: Bolsonaro destruiu 1,9 milhão de doses de vacina contra Covid-19

Os imunizantes da AstraZeneca foram doados pelos Estados Unidos em 2021; TCU quer ressarcimento dos gastos, estimados em R$ 1 milhão

Farmacêutica AstraZeneca.Créditos: Reprodução
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O Brasil ainda terá de lidar por um bom tempo com a política negacionista praticada durante os quatro anos do governo de Jair Bolsonaro (PL). Uma auditoria, aprovada pelo Tribunal de Cintas da União (TCU), chegou a uma conclusão trágica.

Ao todo, 1,9 milhão de doses da vacina AstraZeneca contra a Covid-19 teve de ser incinerado, em 2022, porque não foi compartilhado aos estados, pelo Ministério da Saúde, à época sob condução de Marcelo Queiroga, antes do fim de prazo de validade.

De acordo com reportagem de Carlos Madeiro, no UOL, o TCU quer o ressarcimento dos gastos pelos responsáveis pelo desperdício, estimados em R$ 1 milhão.

O governo dos Estados Unidos doou 2,18 milhões de doses ao Brasil, por intermédio de cooperação internacional. Os imunizantes chegaram ao país no dia 21 de novembro de 2021, a menos de 40 dias do prazo de vencimento (era em 31 de dezembro). Caso tivessem sido utilizados em tempo, muitas pessoas, certamente, teriam sobrevivido à pandemia. Um estudo estima que, apenas em 2021, cerca de 20 milhões de vidas foram salvas pela vacina.

O TCU fez uma série de considerações em relação à postura do governo Bolsonaro.

Confira as principais críticas do TCU ao governo Bolsonaro

Entre elas: o Ministério da Saúde aceitou a doação de 2.187.300 de doses de vacinas AstraZeneca “com prazo de validade bastante exíguo e sem prévia estratégia de utilização em tempo hábil”.

Dessas vacinas, apenas 282 mil foram distribuídas para os estados; outro 1,9 milhão não foi efetivado a tempo. Além disso, o recebimento não considerou “o período que seria gasto para regularização das questões burocráticas e técnicas de tramitação e importação, bem como o tempo necessário para distribuição aos estados e a efetiva disponibilização”.

O TCU diz, ainda, que a falta de planejamento e cuidado levou ao vencimento e “descarte da quase totalidade dos imunizantes, gerando despesas de quase R$ 1 milhão, com transporte, desembaraço aduaneiro, armazenagem e incineração, sem trazer benefícios à população”.

Com isso, o órgão estabeleceu prazo de 15 dias para que os responsáveis apresentem defesa ou paguem a despesa de R$ 1 milhão.