A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Prevent Senior, da Câmara Municipal de São Paulo, após seis meses de trabalho, realizou sua última sessão e os vereadores aprovaram o relatório final das investigações. O documento pede o indiciamento de 20 pessoas por 52 crimes relacionados a ações da empresa durante a pandemia da Covid-19.
Entre os nomes propostos para indiciamento estão os irmãos Fernando Parrillo e Eduardo Parrillo, sócios-proprietários da Prevent Senior.
Fernando foi acusado do crime de omissão de socorro por integrar o chamado Pentágono, uma estrutura hierárquica extraoficial de comando interno da empresa.
Eduardo também está sendo acusado de omissão de socorro por integrar o Pentágono, além dos crimes de perigo para a vida ou saúde de outrem e crime contra a humanidade, em função do seu envolvimento em um suposto estudo que comprovaria a eficácia de medicamentos contra a Covid-19.
Também foi proposto o indiciamento de Pedro Benedito Batista Júnior, diretor da Prevent Senior, por três crimes: omissão de socorro, perigo para a vida ou saúde de outrem e crime contra a humanidade.
Segundo informações da Câmara, os médicos Rodrigo Barbosa Esper e Fernando Terchi Costa Oikawa estão sendo acusados de responsabilidade por perigo para a vida ou saúde de outrem e por crime contra a humanidade e pela participação de ambos na elaboração do protocolo de manejo clínico da Prevent Senior, que indicava a prescrição do Kit-Covid a pacientes com a doença. Esper ainda é acusado de omissão de socorro e falsidade ideológica.
Além destes, mais 15 médicos deverão responder por perigo para a vida ou saúde de outrem e por crime contra a humanidade.
A médica Carla Morales Guerra também integrava a lista dos virtuais indiciados. Porém, a CPI aprovou uma proposta de aditamento ao relatório, apresentada pelo presidente da Comissão, vereador Antonio Donato (PT), excluindo as acusações que seriam imputadas a ela. A sugestão ocorreu devido à colaboração de Carla na investigação.
O relatório final da CPI da Prevent Senior propõe, também, inúmeras ações de fiscalização e investigação ao município, ao Ministério Público, ao Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), ao Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) e à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) em relação à situação fiscal, trabalhista e operacional da empresa.
Zarattini celebra resultado: “Grande vitória do povo”
O deputado federal Carlos Zarattini (PT-SP) usou as redes sociais para celebrar a decisão da CPI da Prevent Senior, da Câmara Municipal de São Paulo.
O parlamentar classificou como “grande vitória do povo”. “A CPI da Câmara de São Paulo foi fundo e identificou a verdadeira natureza criminosa dessas pessoas, que enxergam o lucro acima da saúde. Desde a forma como recomendavam cloroquina ou afirmando que o paciente não tinha salvação. É uma coisa criminosa”, declarou.
As conclusões da CPI serão encaminhadas ao Ministério Público (MP), que deverá ser responsável pelo processo judicial. “É importante, também, que a prefeitura de São Paulo verifique os edifícios onde funciona a empresa para observar as condições sanitárias. A prefeitura tem responsabilidade nisso”, acrescentou Zarattini.