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A pandemia já acabou? Cinco razões explicam que não; entenda

O sentimento de que o risco não existe mais é compartilhado por muitos, mas especialistas alertam que há inúmeros fatores que indicam o contrário

O coronavírus ainda oferece perigo.Créditos: NIAID/NIH
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A chamada fadiga pandêmica faz com que boa parte da população sinta que o perigo causado pela Covid-19acabou. Com isso, o “novo normal” não exige mais restrições ou cuidados específicos para evitar a doença.

A própria Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu que crises de saúde prolongadas provocam cansaço na população. “É uma resposta esperada e natural, especialmente porque a gravidade e a escala da pandemia exigiram a implementação de medidas invasivas com impactos sem precedentes na vida de todos”.

Porém, há fatores que indicam que a crise da saúde está longe de terminar. “A pandemia não acabou, mas o que acontece é que por um lado com a vacinação, os níveis de complicações obviamente diminuíram”, declarou Adolfo Rubinstein, ex-ministro da Saúde da Argentina e atual diretor do Núcleo de Implementação e Inovação em Políticas de Saúde do Instituto de Efetividade Clínica e em Saúde, em entrevista a Valeria Chavez, no Infobae.

“As mortes nos últimos meses ocorreram em pessoas não vacinadas, pessoas com esquemas parciais ou doentes com comorbilidades. O que acontece é que o número de casos começou a se desvincular do número de complicações e óbitos”, relatou.

Contudo, ele considerou que a pandemia “vai acabar quando a Covid se tornar uma doença sazonal ou eventualmente desaparecer, mas não se pode dizer que isso esteja prestes a acontecer. Na verdade, a OMS nem sequer considera isso”, acrescentou Rubinstein.

“A questão é que a visão da Covid está começando a ‘normalizar’, mas a pandemia, embora não se reflita na ocupação de terapias ou mortes diárias, não acabou”, disse.

Veja os cinco indicadores que mostram que a crise sanitária mundial não terminou

1- Circulação do vírus

Segundo o infectologista Roberto Debbag, “ainda há circulação viral no mundo”. “Nos últimos dias, embora os casos tenham diminuído na Europa, houve alguma recuperação, como nos EUA, embora não em hospitalizações e mortes”, afirmou.

Na opinião de Jorge Aliaga, doutor em física e pesquisador, “o que deve ser ponderado é que a situação não é como no início, mas ainda não é normal, desde o ponto de vista que você tem que se vacinar a cada quatro meses porque se a imunidade não for perdida (e sabe-se que se perde de forma relativamente rápida), como ainda há circulação viral, existe o risco de ter um caso grave da doença”.

2- A África do Sul está entrando na quinta onda?

O Ministério da Saúde da África do Sul definiu o atual estágio da pandemia no país como quinta onda da Covid.

“Nos últimos 14 dias, o aumento de infecções foi contínuo, passou de 2 mil para 3 mil, 4 mil e até 6.300 novos casos em um dia”, declarou o ministro da Saúde sul-africano, Joe Phaahla.

Ttudo indica que as subvariantes BA.4 e BA.5 da Ômicron são as que impulsionam as infecções na África do Sul.

“Identificamos duas novas variantes da Ômicron, as linhagens BA.4 e BA.5, que parecem estar associadas ao ressurgimento de infecções na África do Sul”, relatou Tulio de Oliveira, diretor do Centro de Resposta Epidemiológica e Inovação,em Durban, África do Sul.

Os índices baixos de vacinação naquela região do mundo fizeram com que a variante Ômicron, detectada lá em novembro de 2021, se espalhasse rapidamente para outros países.

3- O fenômeno chinês

Nas últimas semanas, a China foi forçada a intensificar sua política de “Covid zero” diante de um aumento explosivo de casos da doença.

Com 26 milhões de habitantes, Xangai voltou a implementar um confinamento rigoroso devido a 130 mil novos casos da doença.

4- Novos casos

O Ministério da Saúde da Argentina, por exemplo, relatou que, desde 17 de abril, o número de novas infecções passou de 8.387 para 11.307.

“Não somos como éramos no início. Há pouquíssimos casos na Argentina, mas de qualquer forma, apesar do pouco que é testado e relatado, parece haver um aumento de casos, que por enquanto é leve, mas temos que ver o que acontecerá em pleno inverno “, alertou Jorge Aliaga.

5- Taxas de vacinação

Mesmo antes de qualquer vacina para prevenir formas graves da Covid-19 ser autorizada, já se tinha conhecimento, exceto no governo brasileiro, que essa seria a ferramenta fundamental para controlar a doença.

Neste momento de pandemia, e com a evidência de que a imunidade conferida pelas vacinas diminui ao longo do tempo, é fundamental que a população não só tenha esquemas completos, mas também compareça em tempo hábil para suas doses de reforço.

Na Argentina, até o momento foram aplicadas 98.597.241 vacinas; 40.709.770 correspondem às primeiras doses, enquanto 37.233.288 pessoas completaram seu esquema inicial de duas doses e 20.654.183 já receberam sua dose adicional ou de reforço, segundo o Ministério da Saúde.

A partir desses números, é possível deduzir que 5.098.977 pessoas ainda não receberam nenhuma dose para prevenir a Covid no país e que 3.787.757 não completaram seu regime de duas doses. Da mesma forma, 16.267.830 pessoas, ou seja, 44,06% da população, não receberam sua dose adicional ou de reforço.