Diretores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) voltaram a ser ameaçados e receber ofensas em seus e-mails institucionais. Desta vez, em função da aprovação do uso da vacina CoronaVac, contra a Covid-19, para a faixa etária de 6 a 17 anos.
Em uma das mensagens, uma pessoa que se identifica como Nilza acusa os funcionários da agência de colocarem “vida inocentes numa grande roleta russa”. Além disso, diz que os servidores da agência serão vítimas de uma “maldição”: “(...) o preço a ser pago será terrível não, quero estar na sua pele e oro a Deus em desfavor de todos que tem causado dor e sofrimentos ao seu próximo, lembre se o próximo pode ser dentro de sua família (sic.)”.
Em outro e-mail, também ameaçador, o remetente acusa os servidores da agência de falta de “amor à pátria” e também afirma que “o preço que o servidor vai pagar será altíssimo”. “Com certeza não usará esse experimento nos filhos e netos de vcs" (sic.)”. As informações são do Globo.
Em meados de dezembro, grupos apoiadores de Jair Bolsonaro começaram a se mobilizar para pedir a prisão dos diretores da Anvisa, que autorizaram a vacinação contra a Covid-19 em crianças de 5 a 11 anos. Bolsonaro tentou intimidar a agência durante sua live, mas recebeu uma resposta dura da Anvisa. na última quinta-feira (16).
“Pedi, extraoficialmente, o nome das pessoas que aprovaram a vacina para crianças a partir de 5 anos. Nós queremos divulgar o nome dessas pessoas para que todo mundo tome conhecimento de quem são essas pessoas e, obviamente, formem o seu juízo”, disse o presidente, em tom de ameaça.
Movimento “Ações Libertadora” querem a prisão de servidores da Anvisa
Essa tentativa de intimidação foi rechaçada pela Anvisa, mas provocou alarde entre apoiadores do presidente. Movimento chamado “Ações Libertadora”, comandado pelo promotor de justiça aposentado Wilson Koressawa, lançou um documento que serviria de base para pedir o afastamento e a prisão de quatro diretores da agência.
Segundo Koressawa a vacinação em crianças “não se afigura razoável, pois, tal autorização é inconstitucional, ilegal e faz com que os representados incidam, em tese, na prática de vários crimes, infrações administrativas referentes aos deveres inerentes ao cargo e ato ilícito (art. 187, do Código Civil)”.