O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM) resgatou nesta quinta-feira (23), um vídeo de março de 2020, em que afirma ter alertado sobre a Prevent Senior, ao comentar mortes de idosos em hospital da rede.
"31 de março de 2020. Alertei. Fui impedido de trabalhar 16 de abril. Quanta barbaridade", escreveu.
Na ocasião, o hospital da Prevent Senior havia registrado 80 das 136 mortes registradas até então em São Paulo. "Não tem que proibir o hospital, o hospital existe e tem todos esses idosos lá dentro ao mesmo tempo e já se constituiu um ambiente de transmissão elevado lá dentro", diz.
Naquela época, quase 90% das vítimas da doença no país eram de pessoas com mais de 60 anos.
Denúncias
Dossiê feito pela CPI do Genocídio com base em denúncias feitos por médicos que trabalhavam junto à operadora de Saúde dá conta de que a Prevent Senior teria ocultado mortes de pacientes com e sem o diagnóstico de Covid-19 que participaram de estudos sem base científica feitos para apontar uma suposta eficácia dos remédios do “kit covid”, como a hidroxicloroquina e a azitromicina.
O experimento, que tem sido comparado a práticas nazistas, foi realizado no início da pandemia do coronavírus, no ano passado, e não obteve autorização do Conselho Nacional de Ética em Pesquisa (Conep).
As informações levantadas pelos senadores da CPI são aterradoras: a empresa teria ocultado 7 das 9 mortes de pacientes que foram submetidos ao experimento e há relatos de familiares de algumas dessas pessoas de que o plano de saúde não as informou sobre o procedimento que estava sendo adotado.
Além disso, um dos pacientes submetidos ao estudo que morreu, segundo a família, tinha problemas cardíacos e era hipertenso, fatores que impediriam a administração da cloroquina por conta de seus efeitos colaterais.
E não para por aí. Para comprovar a “eficácia” do protocolo com remédios inúteis para tratar a Covid, a Prevent Senior teria alterado prontuários médicos, como foi o caso da mãe do empresário Luciano Hang, que morreu de Covid após ter sido submetida a tratamento com o “kit Covid”. Além disso, médicos denunciam que eram obrigados por superiores a prescreverem esses medicamentos.