Quase metade das mortes de menores por Covid atinge bebês com até 2 anos

Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz analisaram 1.207 óbitos causados pela doença entre menores de idade em 2020, com base em dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade Infantil do Ministério da Saúde

Foto: Gilson Abreu ANP
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Quase metade das crianças e adolescentes brasileiros que morreram em consequência da Covid-19, em 2020, tinha até 2 anos de idade. Aproximadamente 37% dos óbitos em menores de 18 anos foram de bebês com até 1 ano. Além disso, pelo menos 110 mortes registradas foram de recém-nascidos com menos de 28 semanas.

Essas foram as conclusões de uma pesquisa realizada pela Fundação Oswaldo Cruz, de acordo com informações de Beatriz Puente, na CNN Brasil.

O grupo de pesquisadores analisou 1.207 mortes causadas pela doença entre menores de idade no ano passado. A base das avaliações foram os dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade Infantil do Ministério da Saúde.  

Cristiano Boccolini, pesquisador do Laboratório de Informação em Saúde do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (ICICT/Fiocruz), relatou que alguns fatores, como a baixa imunidade e a falta de aleitamento materno, podem explicar a vulnerabilidade dos bebês para o vírus.     

“As crianças nessa faixa etária não têm o sistema imunológico totalmente desenvolvido, o que elas têm é ‘herdado’ da mãe e desenvolvido com o aleitamento. Outro ponto é que metade das crianças com mais de seis meses já não estão se alimentando apenas com o leite materno, que é fundamental para a formação do sistema imunológico”, destacou Boccolini.

Comorbidades

Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), afirmou que os menores de 20 anos correspondem a menos de 1% do total de mortes no Brasil.  

“Quando olhamos para o Brasil, os menores de 20 anos são 0,34% do total de óbitos. É importante olhar também para as comorbidades. Metade das crianças que morreram tinha fator de risco. Há outros fatores que também contribuem, como condição socioeconômica, se é população indígena”, ressaltou Kfouri. 

A Fiocruz enfatizou que acelerar e priorizar a vacinação das gestantes e lactantes em todo o país é imprescindível para proteger bebês e crianças.