O Instituto Butantan, através de sua assessoria de imprensa, afirmou com exclusividade à Fórum, na manhã dessa quinta-feira (22), estar absolutamente tranquilo com relação às acusações do presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido).
O presidente afirmou que a SinoVac, laboratório chinês que fabrica a CoronaVac, teria oferecido ao governo a dose do imunizante a 5 dólares, metade do valor que está sendo cobrado pelo Instituto Butantan.
De acordo com a assessoria, o Butantan tem a exclusividade da CoronaVac para toda a América Latina. A própria Sinovac soltou nota no último domingo (20) reiterando “que o instituto é o único representante da Sinovac no Brasil e na América Latina para a comercialização da CoronaVac”. Veja a nota na íntegra aqui.
Metade do preço
Bolsonaro afirmou: “Chegou um documento para nós, a empresa que fabrica a CoronaVac oferecendo para a gente a CoronaVac a 5 dólares agora”.
O presidente disse ter acionado o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e órgãos de fiscalização como o Tribunal de Contas da União (TCU) para investigar o sobrepreço cobrado pelo instituto brasileiro.
“Porque metade do preço agora? Porque a matriz nos vende a vacina a 5 dólares e o Butantan vende a 10 dólares? Pode ser nada, pode. Mas pode ser algo assustador o que acontece no Butantan”, afirmou, ressaltando que em um “primeiro momento é investigar esse oferecimento da CoronaVac”.
“A documentação que nos traz uma enorme preocupação do que acontece no Butantan”, afirmou.
Na entrevista, Bolsonaro voltou a colocar em dúvida a eficácia da CoronaVac, dizendo que a vacina estaria causando problemas no Chile e no Brasil, sem entrar em detalhes.
Nota oficial
Após a divulgação da matéria, o Instituto Butantan enviou à Fórum uma nota oficial sobre o assunto. Confira.
"É de conhecimento do Butantan que no início do mês de julho o consórcio COVAX Facility ofertou vacinas ao Ministério da Saúde. A quantidade, de apenas 500 mil doses, faz parte de um lote de 20 milhões de vacinas, a preço de custo, destinado a mais de 100 países em altíssima vulnerabilidade.
A negociação entre o Butantan e o Ministério da Saúde passou por todas as etapas legais, incluindo a apresentação da planilha de custos da vacina para as equipes técnicas do Governo Federal, em reunião no mês de outubro de 2020. O valor final das vacinas ofertadas pelo Butantan inclui todas as despesas ordinárias diretas e indiretas, incluindo o preço pago à SinoVac, os custos de importação (taxa de administração, frete, seguro do produto, tributos e impostos), os custos de produção (envase, recravação, rotulagem e embalagem), custos dos testes de qualidade, administrativos e regulatórios, armazenagem e transporte. O Butantan, portanto, se responsabiliza por todas as etapas que se referem à vacina, e entrega o produto pronto no armazém do Ministério da Saúde.
O Instituto Butantan mantém vários canais abertos com a sociedade civil, órgãos públicos e de controle, respondendo a todos os questionamentos desde o início do processo, com o intuito de colaborar com o aumento da transparência tão necessária neste momento do país"