Relator da CPI do Genocídio, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) elaborou, nesta terça-feira (4), uma lista de revelações feitas pelo ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que atingem diretamente o governo de Jair Bolsonaro, de acordo com informações da coluna de Mônica Bergamo, na Folha de S.Paulo.
“O depoimento mostrou que houve aconselhamento paralelo na Covid, adoção da cloroquina ao arrepio do Ministério [da Saúde], participação de Carlos Bolsonaro [vereador do Rio e filho do presidente] em reuniões (por que?) e alerta sobre 180 mil mortes [Mandetta disse na CPI que afirmou a Bolsonaro que os óbitos poderiam chegar a esse número)”, detalhou Calheiros, em mensagem à coluna.
O senador continuou: “Bolsonaro divergiu das orientações científicas, no isolamento e na cloroquina. Foi um depoimento importante na minha opinião para clarear exatamente o que ocorreu naquele momento inicial da pandemia”.
“Também é relevante a informação de que Mandetta viu um decreto para mudar a bula e recomendar a cloroquina”, destacou Calheiros.
O ex-ministro da Saúde afirmou aos integrantes da comissão que “várias vezes na reunião do ministério, o filho do presidente, que é vereador do Rio de Janeiro, estava atrás, tomando as notas na reunião. Eles tinham constantemente reuniões com esses grupos dentro da presidência”.
Conselhos paralelos
Ele declarou, ainda, que os aconselhamentos de grupos paralelos eram frequentes no governo Bolsonaro. Mandetta relembrou que foi informado, em uma reunião, que “era para subir para o terceiro andar porque tinha lá uma reunião de vários ministros e médicos. Vinha propor esse negócio de cloroquina que eu nunca havia conhecido, porque ele [Bolsonaro] tinha um assessoramento paralelo nesse dia”.