Dados da agenda do Ministério da Saúde, divulgados em reportagem de Malu Gaspar, no jornal O Globo, revelam que o governo de Jair Bolsonaro priorizou a compra da vacina Covaxin, do laboratório indiano Bharat Biotech, antes mesmo do imunizante ter registro no Brasil. O governo, no entanto, negou diversas vezes a aquisição da americana Pfizer, mais barata e com registro no país.
Segundo a reportagem, a negociação com os representantes do imunizante indiano começou em novembro, quando a Covaxin ainda estava em estágio inicial de desenvolvimento. Em fevereiro, o Ministério da Saúde fechou um contrato de R$ 1,6 bilhão para o fornecimento de 20 milhões de doses da vacina para o Brasil.
No contrato assinado em 25 de fevereiro, o Ministério da Saúde aceitou pagar R$ 80 por dose da Covaxin, valor R$ 24 mais caro do que o preço da dose oferecido pela Pfizer na cotação do dólar à época da assinatura. Além disso, os primeiros lotes da vacina indiana estavam previstos para março, mas o imunizante até hoje não chegou ao Brasil. Posteriormente, o prazo foi revisto para abril, e a promessa novamente não foi cumprida.
Já a Pfizer, que obteve registro em fevereiro, conseguiu fechar um contrato com o governo Bolsonaro apenas em março. A empresa americana realizou dez reuniões com o Brasil e precisou recorrer a outros membros do governo para ter aprovação, incluindo o ex-secretário de Comunicação, Fábio Wajngarten, que depõe nesta quarta-feira (12) à CPI da Covid-19. A Covaxin, em contrapartida, fez apenas seis reuniões com o governo brasileiro.
Oferta mais cara
A Pfizer fez uma nova oferta ao governo de Jair Bolsonaro de 100 milhões de doses do imunizante. O valor cobrado será 20% superior do que o negociado no primeiro contrato do laboratório norte-americano com o Ministério da Saúde.
Segundo reportagem de Mariana Hallal, do Estado de S.Paulo, a oferta para nova compra totaliza mais de R$ 6,6 bilhões, cerca de R$ 1 bilhão a mais do que o valor anterior. O governo publicou nesta quinta-feira (6) no Diário Oficial da União o extrato de dispensa de licitação, que cita o valor bilionário.