O médico, neurocientista e professor Miguel Nicolelis afirmou que o Brasil ainda enfrentará muitas dificuldades para conter o coronavírus. “Nós vamos ser o último país do mundo a sair da pandemia”, declarou, em entrevista a Hermínio Bernardo, no MyNews.
Nicolelis justificou a opinião, dizendo que o país criou o que ele chama de “método sanfona, que é o abre e fecha das atividades econômicas, indiscriminadamente, sem critério”.
Além disso, “confundimos a população, criando todas essas cores que ninguém entende”, destacou, se referindo às fases vermelha, laranja, amarela, verde e azul, que definem as etapas de flexibilização do “Plano São Paulo”, elaborado pelo governo do estado.
O neurocientista avaliou que a política de combate ao coronavírus em São Paulo “é um desastre, tanto na prefeitura quanto no governo do estado”, pois o que prevalece, segundo ele, “são as decisões políticas”.
No início de 2020, revela Nicolelis, até mesmo a comunidade científica internacional achava que o Brasil tinha condições de ser um exemplo no manejo da pandemia. “O que a gente viu foi absolutamente o oposto, porque o presidente é o maior negacionista do planeta”.
Para Nicolelis, em função dos últimos feriados, São Paulo e Rio de Janeiro deverão registrar novamente um pico de casos.
“Tudo pode acontecer nesse momento em termos de subida de casos e de óbitos também. Nós estamos entre 3 mil e 4 mil, mas existe uma subnotificação clara e o Brasil está testando muito menos do que testava antes. Além disso, estamos com o espaço aéreo aberto, principalmente com a índia, que está registrou uma nova variante do vírus”.
Lockdown nacional
Nicolelis voltou a defender medidas mais restritivas para o combate à pandemia. “O Brasil precisa de um lockdown nacional desde janeiro”.
Ele listou os principais erros e omissões do governo de Jair Bolsonaro: “Não reconheceu a gravidade do problema no início; não se preparou para a primeira onda; não comprou insumos; não proporcionou auxílio emergencial desde o início; propagou o uso de medicamentos não eficazes e tratamento precoce, que não existe; não comprou vacinas suficientes; fez troça da morte das pessoas e, a mais recente, não colocou, no orçamento de 2021, verbas para o combate à pandemia. É uma das piores gestões do mundo”, resumiu.