Em lockdown "total" desde a segunda metade de fevereiro, a cidade de Araraquara, no interior paulista, vem sofrendo os efeitos devastadores da cepa brasileira do coronavírus.
Com o sistema de saúde superlotado diante da disparada de casos confirmados e internações por Covid-19, o município governado por Edinho Silva (PT) já tem dados que apontam que 70% dos pacientes foram infectados com a variante inicialmente encontrada em Manaus.
A nova cepa vem vitimando, principalmente, os mais jovens. "Há vítimas de 33, 34 anos entre eles. Algo que nunca vimos antes, um absurdo", disse o prefeito em entrevista a Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo.
Nesta quinta-feira (4), foram registradas na cidade intubações de pacientes de 21 e 26 anos.
"Ela [a nova cepa] é mais virulenta e agressiva do que a cepa anterior. A ciência ainda não teve tempo de comprovar, mas a nossa observação é de que claramente atinge mais jovens, e mata", pontuou Edinho.
"A nossa geração vai ver cenas que nunca imaginou na vida. Será uma tragédia", completou o mandatário municipal.
"Ainda não sabemos quando exatamente a P.1. entrou em Araraquara e estamos analisando amostras mais antigas para tentar descobrir. Mas os dados que temos até agora sugerem que também nessa cidade ela se tornou a mais prevalente em menos de dois meses. É incomum uma linhagem emergente substituir completamente outra já estabelecida em tão pouco tempo, ainda mais quando há um foco epidêmico ativo e um grande número de indivíduos já infectados. É assustador e mostra o poder desse vírus", afirma Camila Romano, coordenadora de investigação feita pelo. Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo (IMT-USP)
Em entrevista recente à Fórum, Marcelo Bonholi, jornalista da cidade, afirmou que a situação em Araraquara é "tensa".
“De março a dezembro de 2020 o pico de atendimento na Unidade de Pronto Atendimento da Vila Xavier em um dia foi de 245 pessoas. E nesses 10 meses, de março a dezembro, tivemos 92 mortes. Em janeiro, tivemos picos na UPA que bateram a casa dos 390 atendimentos em um único dia. Foram 24 mortes em janeiro. Em fevereiro, somando as unidades que estão abrindo a mais, já passamos dos 500 atendimentos diários. E até o momento mais 70 mortes só em fevereiro”, detalhou Bonholi.