O ex-ministro Carlos Eduardo Gabas, secretário-executivo do Consórcio Nordeste, afirmou em entrevista ao Fórum Onze e Meia, nesta segunda-feira (15), que o país já teria vacinado cerca de 15 milhões de pessoas com a Sputnik V, desenvolvida pelo instituto russo Gamaleya, se o governo Bolsonaro tivesse autorizado o uso do imunizante no país.
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Gabas lembrou que o governo estadual da Bahia, de Rui Costa (PT), havia oficializado um acordo com Moscou, em 28 de agosto de 2020, para a importação de 50 milhões de doses da vacina. A tratativa começou inicialmente com o governo baiano, mas depois se estendeu a outros estados.
"Fizemos reunião na embaixada da Rússia, com a presença do embaixador, e um pré-contrato foi assinado no dia 28 de agosto do ano passado, onde o fundo russo se comprometia a vender para o consórcio do Nordeste 50 milhões de doses de vacina", conta Gabas.
"O calendário que nos apresentaram, após aprovação da vacina russa nas agências da Europa e Rússia, comprometia a entrega de 10 milhões de doses/mês", completou o ex-ministro. Com isso, ele confirma que, no mês de março, o país já teria importado cerca de 30 milhões de doses, o que imuniza 15 milhões de pessoas.
A vacina Sputnik V, no entanto, não recebeu aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para ser aplicada no país. "O fato é que não houve essa aprovação pela Anvisa e havia um receio entre governadores de comprar essa vacina e não poder usar", lamenta Gabas.
Documentos divulgados pelo jornalista norte-americano John McEvoy, no portal Brasil Wire, revelam que o governo de Donald Trump, nos Estados Unidos, pressionou o presidente Jair Bolsonaro a não comprar a Sputnik V. O pedido ao governo brasileiro consta em documento do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, publicado no relatório anual da pasta em 2020.
O Ministério da Saúde assinou apenas na sexta-feira (12) um contrato para compra de 10 milhões de doses do imunizante russo. O cronograma da pasta prevê que 400 mil das doses cheguem até o final de abril, 2 milhões em maio e o restante, até o fim de junho.
Confira a entrevista completa: