Após Bolsonaro reclamar de “apelido” de Capitão Cloroquina, termo explode nas redes

Presidente disse em live que, se remédio for “placebo, pelo menos não matei ninguém”; estudo da UFPR mostra que medicamento provoca danos em células presentes nos vasos sanguíneos

Cartum com Bolsonaro como Capitão Cloroquina (Foto Reprodução Twitter / Cris Vector)
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Durante sua live da última quinta-feira (4), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) reclamou de ser chamado de “Capitão Cloroquina”. O apelido pegou devido à insistente defesa e propaganda que ele faz para o medicamento seja usado no tratamento da Covid-19. Mesmo sem eficácia comprovada. Sua reclamação teve um efeito: o termo “Capitão Cloroquina” virou um dos mais comentados no Twitter nesta sexta-feira (5).

“Alguns vão pra zombação ‘Capitão Cloroquina’, deixa de ser otário!”, disse ele, na transmissão.

Na rede social, os internautas lembraram dessa colocação para usar o termo em suas publicações.

O site de humor Sensacionalista escreveu o termo três vezes em sua postagem.

https://twitter.com/sensacionalista/status/1357734188267560960

O cartunista Cris Vector fez uma ilustração para aludir ao fato. Ela traz a imagem de Bolsonaro correndo, que foi registrada nesta quinta-feira (4) – e havia virado meme -, vestido de super-herói, com a inscrição “Capitão Cloroquina”. O desenho foi compartilhado em muitas das publicações sobre o tema.

https://twitter.com/crisvector/status/1357545764159959041

Outros internautas também repercutiram.

https://twitter.com/aguedescartoon/status/1357502913275379712
https://twitter.com/willgomes/status/1357648191819292673
https://twitter.com/cinefilo_K/status/1357651286154436609

Placebo X efeitos

Na transmissão, o próprio Bolsonaro reconheceu que o remédio não tem efeito sobre a Covid-19. “Pode ser que lá na frente falem ‘isso é um placebo’. Tudo bem, desculpa, tchau. Pelo menos não matei ninguém”, disparou o presidente, indicando que seria aceitável gastar milhões em um medicamento, como fez seu governo , para depois se comprovar que ele é ineficiente.

No entanto, um estudo da Universidade Federal do Paraná (UFPR) divulgado nesta quarta-feira (3) mostrou que a cloroquina provoca danos em células endoteliais, presentes em todos os vasos sanguíneos do corpo humano.

A pesquisa foi conduzida durante o doutorado de Paulo Cézar Gregório, do Programa de Pós-Graduação em Microbiologia, Parasitologia e Patologia da UFPR.

Para chegar a esse resultado, o pesquisador trabalhou com linhagens de células endoteliais humanas extraídas de vasos sanguíneos, que foram cultivadas na presença de cloroquina, em concentrações incapazes de causar sua morte celular, por até 72 horas.

Durante esse período, a célula induziu, de maneira significativa, o acúmulo de organelas ácidas, aumentou os níveis de radicais livres e diminuiu a produção de óxido nítrico, levando a dano celular. Esse processo, chamado de disfunção endotelial, pode resultar no funcionamento incorreto ou até na morte da célula. Ainda de acordo com a hipótese do estudo, a disfunção endotelial pode afetar a circulação sanguínea, e por consequência, órgãos como coração, rins e pulmões.

Os resultados da pesquisa foram publicados na revista  Toxicology and Applied Pharmacology.

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